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Revista Luz & Cena
Neste espaço, Enrico De Paoli fala de suas experiências e histórias em engenharia de música, estúdios e shows.
Fala também do mercado musical e fonográfico e de suas tecnologias.
Compressão ou não....eis a questão
Postado por Enrico de Paoli em 01/02/2007 - 00h00
De fato, compressores e limiters estão entre os temas mais falados na história da engenharia de música. E não é pra menos. Eles fazem muito mais do que limitar o volume de um instrumento ou programa musical. Já acompanhamos diversos designs e topologias nos limitadores de áudio, e o mais curioso é que vários modelos se tornaram ultrapassados tecnologicamente, mas jamais foram substituídos sonicamente. Algumas falhas ou limitações tecnológicas dos designs curiosamente geravam um resultado desejado no som.

Estamos vivenciando um momento virtual-retrô. A revolução virtual nos possibilita brincar facilmente com modelos que antes só eram accessíveis em estúdios multimilionários. Essa facilidade tem feito com que novos engenheiros tenham redescoberto a arte de comprimir sons, com compressores antigos - reais ou virtuais.

Exemplos de compressores ou limitadores imortais incluem o Teletronix LA-2A, que detém o título de compressor ótico-valvulado mais famoso da história. Basicamente, o circuito de compressão é trigado por uma luz e uma foto-célula. Uma característica dos compressores ópticos é o ataque relativamente lento e inerente ao design dessa célula, aliado a um release relativamente rápido se pouco excitado, e lento se bombardeado com amplitude de voltagem, ou música.

O motivo dessa característica se assemelha à memória que uma fonte luminosa causa em nossas vistas, quando submetidas a sucessivos ataques luminosos. Esse modelo é representado no mundo virtual de hoje pelo Bombfactory BF2A. Seu sucessor óptico-FET (field effect transistor), que utiliza o mesmo circuito óptico, o LA-3A é emulado virtualmente pelo BF3A. Note que um hábito comum é passar o áudio por essas maravilhas mesmo que deixemos o botão de compressão no mínimo, apenas para deixar a eletrônica adicionar suas características.

O mais incrível é que o mesmo se aplica ao plug-in. A simplicidade do design externo com apenas dois botões é apenas um espelho do que existe dentro dessas caixas mágicas, que servem tão bem para musicalmente controlar o volume de baixos e vozes. Embaixo do capô, cada um desses dois botões controla um amplificador. Um alimenta o circuito da luz e o outro amplifica a saída, a fim de resgatar o volume do áudio comprimido.

Seguindo a linha do tempo e evolução dos designs, a Urei incorporou em seu famoso LA-4 o circuito óptico usando um LED e um circuito para detectar sua luminosidade, no lugar da antiga luz e foto-célula. Outro hit, e certamente o compressor vintage mais caro da atualidade, é o Fairchild. Com sua topologia variable-mu, em que a compressão ocorre na válvula, o attack é rápido e fixo, e o release variável em seis presets. A característica mais legal do Fairchild está presente em sua versão estéreo, que permite que você comprima separadamente tudo o que é mono e o que é estéreo no programa.

O Universal Audio (depois Urei) 1176 foi o mais popular compressor FET. Usado nas mais diversas aplicações, de vocais a baterias, ele é consideravelmente mais rápido do que os ópticos. Uma característica que virou parte de seus sons é a distorção típica dos designs FET que ocorre quando sinais muito quentes acabam por modular o circuito de compressão. Uma das versões plug-in disponíveis do 1176 se chama BF76.

Outra tecnologia é a mais recente VCA (voltage controlled amplifier). Os VCAs presentes em vários cantos dos estúdios, como em sintetizadores e nos primeiros sistemas de automação de consoles, também passaram a estrelar nos compressores. Porém, os VCAs demoraram para ter um som agradável. O excesso de sinal pode causar alguma distorção e a compressão exagerada pode soar abafada e sem vida. Porém, os VCAs são rápidos, estáveis e resistentes a temperatura e idade, e funcionam bastante linearmente em ampla faixa dinâmica.

Fica bem claro que não existe o compressor certo. Brincar com essas eletrônicas ou seus emuladores ficou bem mais fácil. Porém, cuidado pra não usar demais. Uma música sem dinâmica pode ficar bem desagradável. Por isso vai mais uma bela dica: O PSP Vintage Warmer, um plug-in de compressão multi-banda, tem em seu painel o botão Mix. Com ele, você pode combinar quanto do som comprimido você quer combinar com o som virgem, não comprimido. Uma bela sacada. Mas todos os outros compressores não têm essa função; duplique o canal e aplique compressão em apenas um deles. Brinque com os faders até chegar à combinação desejada. Não esqueça de verificar o possível atraso que o plug-in causa no canal. Então, entre comprimir e não comprimir, fique com os dois!
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