RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Neste espaço, Enrico De Paoli fala de suas experiências e histórias em engenharia de música, estúdios e shows.
Fala também do mercado musical e fonográfico e de suas tecnologias.
Virando o compressor do avesso
Postado por Enrico de Paoli em 01/08/2006 - 00h00
Há tempos escrevi um artigo que ainda rende cartas: Esculpindo com o compressor. Por mais divertido que tenha sido, ele abordou só uma fração das brincadeiras que esse tradicional processador permite. É que sempre pensamos no paradigma: comprimir é achatar, reduzir a faixa dinâmica. Vamos pensar maior: o de-esser, por exemplo, é um compressor dependente de freqüência, utilíssimo para segurar picos nas altas, justamente onde ocorrem as irritantes sibilâncias, aqueles ésses muito mais altos que tudo.

Vamos lembrar como o compressor funciona. O áudio entra nele e é dividido em dois: 1) o áudio que a gente ouve e será comprimido 2) o áudio encaminhado ao circuito, que detecta a dinâmica e triga a compressão no áudio 1. É o mesmo sinal, splitado em dois.

No de-esser, o áudio é também splitado. O áudio 2, então enviado para trigar a compressão, passa por um filtro que normalmente pode ser selecionado entre band-pass ou hi-pass. Ou seja, o circuito que triga a compressão do áudio 1 só ouve a parte do áudio com ésses. E, cada vez que ele ouvir, comprimirá o áudio 1, reduzindo o volume do sibilado excessivo.
 
Nos de-essers, há um parâmetro mais interessante, que varia entre Wideband ou Split. Wideband (sidechain) é o mais comum: o áudio 2 é filtrado e então excita ou triga a compressão do áudio 1, que será comprimido por inteiro. Porém, em Split, o áudio 1 também será splitado, de forma que só a parte filtrada no áudio 2 será afetada - funciona como crossover.

Digamos que usamos um de-esser com o filtro como hi-pass em 6000 Hz, em Split. O áudio 2 é filtrado e apenas a parte acima de 6 Khz é encaminhada para o circuito de compressão que irá atuar sobre o áudio 1. Esse áudio 1 também é dividido, usando o mesmo filtro, em 6 Khz. Quando um sibilado acima da freqüência de corte soar, trigará o circuito de compressão, que atenuará o áudio 1 apenas acima da freqüência de corte.

Imaginemos um compressor multi-bandas de quatro vias: o sinal entra nele e passa por um crossover que o divide em quatro bandas. Em cada uma delas, há um compressor em que podemos selecionar attack, release, ratio e threshold, separadamente. O áudio é comprimido nas suas bandas, umas independentemente da outras. Ou seja, se temos um bumbo que varia muito a emissão de subgraves, podemos apertar a banda mais baixa, sem alterar o resto das freqüências. Sem contar que os graves, que normalmente afundam os compressores, serão comprimidos por conta própria.
 
Se você usar um compressor multi-bandas apenas no canal do contrabaixo, numa mix, quem sabe não dá pra trabalhar o subgrave para deixá-lo homogêneo, puxar o médio pra cara, para o baixo ficar bem inteligível, e expandir os agudos para o slap brilhar bastante?

A página aqui acabou. Mas o uso dessas maravilhas não tem fim. Aprecie com moderação!

____________
Enrico De Paoli
mixa e masteriza independentes e gravadoras em seu Incrível Mundo. www.EnricoDePaoli.com e cartas@enricodepaoli.com
Comentários (0)
Nenhum comentário foi publicado até o momento.
Deixe seu comentário
nome
comentário1000 caracteres disponíveis
+ Notícias
Autor: Fábio Henriques
(196 páginas)
R$ 54,00
Pronta entrega
 
Autor: Roberto Gill Camargo
(140 páginas)
R$ 40,00
Pronta entrega