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Revista Luz & Cena
Neste espaço, Enrico De Paoli fala de suas experiências e histórias em engenharia de música, estúdios e shows.
Fala também do mercado musical e fonográfico e de suas tecnologias.
Cuidado com o compressor (ele é um amigo traiçoeiro!)
Postado por Enrico de Paoli em 10/07/2011 - 00h00
Já cansei de escrever sobre compressores por aqui, mas o assunto parece não acabar nunca! De fato, há muito mais em um compressor do que um simples leveling amplifier, ou limitador de dinâmicas. Musicalmente, os efeitos podem ser radicais. Para ambos os lados.

Vamos ao mito: "quando se comprime, o som vem para a cara". Não! Quando se comprime, o som é achatado. Se o timbre de uma performance ou de uma mix é muito frouxo, fazendo parecer que as notas altas são altas demais e deixando as baixas "sumidas", sim, o compressor pode ajudar. Porém, até nestes casos a ajuda tem um preço, que é fazer o timbre engordar. "Mas isso não é ótimo?" Pode ser e pode não ser. Um timbre mais gordo tende a ter menos definição, menos articulação, menos respiração, menos attack, e ocupa mais espaço. Não apenas dentro da mix, mas dentro dele próprio. Mas como avaliar se tudo isso é benéfico ou não?

Além do fato de que mixagem é pura perspectiva, ou seja, o timbre é muito mais do que "como ele soa", mas, principalmente, "como ele soa na mix", um timbre, seja dentro de uma mix ou seja ele o programa todo (uma mix ou uma master), cria dois impactos no ouvinte: como ele soa à primeira vista (ou "ouvida"), e, depois, como irá soar ao longo da música. Pronto - é justamente aí que entra a traição do nosso velho amigo compressor. É muito comum que de início gostemos muito do timbre por ele proporcionado, mas é mais comum ainda que a falta de articulação e de respiração nos cause alguma fadiga e cansaço após ouvir por alguns minutos. Ou até por alguns segundos! Imagine em um disco inteiro. Mas por que isso acontece? E o que fazer quanto a esse problema?

Simples. Alguém disse que temos que comprimir todos os canais de uma mix? Volto a citar um termo que já usei várias outras vezes por aqui: contraste. Tenho adoração por contrastes em qualquer área da vida, e em uma mixagem não poderia ser diferente. O que seria de um timbre articulado se não fosse outro comprimido ao lado? Tá bom, funcionaria, mas o contraste entre os dois pode cair muito bem. Mas não vá comprimir ou deixar de fazê-lo somente pra criar tais contrastes. Tire proveito de um áudio que precise de menos articulação junto a um que soe lindo solto, respirando, como veio ao mundo. E lembre-se de que um track nunca vai soar na mix como soa sozinho, solado.

Além disso, não se concentre em uma única sessão da mix. Por exemplo, não fique mixando o refrão durante meia hora, sem parar. É importante que o ouvido se afine com o que ele vem ouvindo desde o início. Assim, sentirá o refrão como o ouvinte que está escutando a música inteira vai ouvir. Mas agora já estamos partindo para outro assunto... E a ideia dessa página de hoje é simplesmente alertar para não deixarmos os viciantes compressores nos fazerem cansar de ouvir a música.

Boa viagem.


Enrico De Paoli é engenheiro de gravação, mix, master e turnês. Atualmente divide seu tempo entre a tour Ária, de Djavan, e mixes e masters em seu Incrível Mundo Studio. Site: www.EnricoDePaoli.com
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