Neste espaço, Enrico De Paoli fala de suas experiências e histórias em engenharia de música, estúdios e shows.
Fala também do mercado musical e fonográfico e de suas tecnologias. Voz
Postado por Enrico de Paoli em 01/09/2010 - 00h00
Por mais que tirar som de bateria seja um dos maiores prazeres de um engenheiro de som, é indiscutível que, em música cantada, o timbre da voz tem uma importância ímpar. Na voz estão contidas várias informações que são ouvidas inconscientemente: a personalidade do cantor, a intenção, a letra da música, a emoção...
Ao contrário do que a maioria pensa, a escolha do microfone faz muito mais diferença do que a escolha do pré-amplificador. Mas há uma "coisinha" que pode mudar ainda mais o som da voz: o próprio cantor. Ao gravar voz, algumas questões que vão muito além de equipamento merecem atenção. Por exemplo, como o cantor está cantando? Como é a emissão? Como está a intenção da voz? Imagine um teatro. Existem várias maneiras de ler uma mesma frase de um texto. Bom, não vou conseguir demonstrá-las nesta página! Mas é por aí. Gravando vários takes de voz com intenções diferentes podem-se conseguir boas opções para diferentes partes da música. A intenção e emissão interagem diretamente com o tipo de música e também com a distância do microfone. Cantores têm mania de afastar o mic ao cantar uma parte mais forte. Essa mania vem da noite, e não é de todo ruim. Porém, ao se afastar do microfone, a voz não perde somente volume. O timbre perde corpo e grave. Se for um vocalista com a voz naturalmente magra, isso pode ser um problema, principalmente porque o afastamento acontece justamente nos refrões, e a gravação acaba ficando com o pior timbre de voz justamente em uma das partes mais fortes da música. Lembre-se que, quando se grava qualquer fonte sonora, está se fazendo, inclusive, a captação do espaço acústico onde aquela fonte se encontra. Logo, quanto mais perto do microfone, maior a sensação de proximidade da voz. Quanto mais longe, mais a captação também registra o espaço e a sala. Assim como qualquer decisão, esta pode ser boa ou ruim. Uma balada com a voz grande, gravada colada no microfone, funciona muito bem. Se a música pede espaço e a voz do cantor (ou cantora) não é pequena, um pouco de distância pode soar bem. O compressor pode ajudar a nivelar os volumes entre a voz seca e direta e o ambiente no qual ela foi gravada. Afinação não é tudo, mas é imprescindível. Uma voz desafinada soa mal. Mas, hoje em dia, afinação é o mais fácil de ser consertado depois. Claro, é melhor um cantor afinado e ponto final. Mas entre escolher um take por sua afinação ou por outras virtudes como timbre, emoção e emissão, definitivamente escolha o último. A afinação pode ser melhorada depois, com softwares dedicados a isso. Além da já citada proximidade do mic, uma das melhores formas de partir para outro timbre de voz é cantar diferente. Com mais ou menos "ar" na voz. Mais ou menos diafragma. Cantar com o rosto sorrindo também muda a intenção. Como sempre, ao contrário do que a indústria nos vende hoje, existem muito mais coisas do que simplesmente equipamentos. Até mês que vem! Deixe seu comentário
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