RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Neste espaço, Enrico De Paoli fala de suas experiências e histórias em engenharia de música, estúdios e shows.
Fala também do mercado musical e fonográfico e de suas tecnologias.
Mixagens Emprestadas
Postado por Enrico de Paoli em 01/05/2010 - 00h00
A tecnologia de hoje nos permite, com facilidade, pegar mixes emprestadas. Como tudo na vida, isso pode ser bom, ou ruim. O Pro Tools, por exemplo, tem uma função que se chama Import Session Data, nos permitindo coisas muito bacanas, antes impossíveis. Para se ter uma ideia, vamos supor que esteja mixando um disco todo gravado com a mesma banda, ou seja, esmos instrumentos, mesma microfonação, etc. Então, assim que acaba de mixar a primeira música, exaustivamente, ouve no carro, ou no iPod, e chega à conclusão de que você é realmente um gênio. A mix está sensacional.

Ao começar a mixagem da segunda música, é possível importar os bons equilíbrios obtidos no mixer para a nova faixa, além de todos os plug-ins e parâmetros. Sendo assim, podemos, basicamente, mixar uma música só? Não, de forma alguma. Nem pensar! Insisto em dizer que mixagens são regências de arranjos e performances, e não tabelas de tabuadas com resultados perfeitos e únicos.

Pegar mixes emprestadas, ou importar data de outras sessões, pode ser muito útil. Mas está longe de significar que a sua nova mix está pronta. E não é só isso. É comum, por exemplo, uma voz estar sensacionalmente encaixada em uma determinada música. Entretanto, quando se importam todos os settings dessa voz, incluindo volume, reverbs, eqs, compressão, entre outros, o resultado pode não ser o mesmo. Quando ouve a voz da mix atual, com os settings importados, soa péssimo. Completamente diferente do esperado! Você até acha que aconteceu algo errado na importação...

Importar data de outra mixagem, incluindo todos os seus canais de efeitos, reverbs e delays, é muito útil como ponto de partida. Além disso, é possível importar também o que costuma usar no master (se esse é o seu método de trabalho) e as correções que faria em todas as mixes do disco devido a alguma falha na hora da gravação. Mas, ainda assim, a partir daí, você tem uma regência a fazer. São canais interagindo de forma diferente uns com os outros. Claro, se é um disco bem conservador, com um trio e uma cantora do início ao fim, importar data pode ser muito mais do que meio caminho andado. Contudo, basta lembrar que se em uma música o baixista passeia mais pelos registros altos do instrumento e, em outra, ele toca lá embaixo, usando a quinta corda, com certeza o equilíbrio dos graves da mix será tratado de forma diferente.

A tecnologia é sensacional, mas ela ainda é feita para ser ouvida. Aprecie sem moderação. Use com bom gosto e os ouvidos.
Comentários (0)
Nenhum comentário foi publicado até o momento.
Deixe seu comentário
nome
comentário1000 caracteres disponíveis
+ Notícias
Autor: Fábio Henriques
(196 páginas)
R$ 54,00
Pronta entrega
 
Autor: Roberto Gill Camargo
(140 páginas)
R$ 40,00
Pronta entrega