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Revista Luz & Cena
Neste espaço, Enrico De Paoli fala de suas experiências e histórias em engenharia de música, estúdios e shows.
Fala também do mercado musical e fonográfico e de suas tecnologias.
É grave.
Postado por Enrico de Paoli em 01/04/2010 - 00h00
Então. Quantas vezes você terminou uma mix no seu estúdio e quando a ouviu nos pequenos falantes do seu laptop a voz estava alta, seca demais, o baixo sumiu, a caixa estalava de uma forma completamente não musical, bem como vários outros elementos soavam soltos e para fora da mix? Sim, ainda que tenha acontecido apenas uma das questões citadas, já é o suficiente para a mix ser ruim. O caso é grave, aliás. literalmente.

Se você mixa em caixas grandes, ou, até mesmo, nas pequenas, mas que reproduzem bastante as baixas frequências (normalmente, encostadas nas quinas das paredes), o problema pode estar justamente aí. As regiões graves da música são sedutoras, envolventes, macias. Têm o poder de ajudar a deixar tudo no lugar. Lembre-se de que, como já citei aqui várias vezes, nossos ouvidos funcionam de forma totalmente comparativa. Inconscientemente, nosso cérebro está o tempo todo comparando todos os elementos, e momentos, de uma mix. Quando algo soa alto, é porque estamos ouvindo coisas mais baixas o tempo inteiro. Quando algo soa agudo demais, é porque estamos ouvindo timbres menos brilhantes o tempo todo. Os graves, além de nos iludirem nesse aspecto, nos "forram a audição" musicalmente. Como assim? E o que acontece?

Simples! Vamos supor que estamos montando uma mix na qual temos uma bateria com bumbo, contratempo e aro. Temos também contrabaixo, Rhodes e voz. Fazemos essa mix soar "redonda" em uma monitoração riquíssima em graves e subs. Normalmente, nesse caso, o volume da monitoração não é tão baixo. Lembra de quando falei que os graves seduzem? Pois é, tendemos a ouvir mais alto com eles também. O timbre do contabaixo e do bumbo são ricos nos subs, nos empurrando o peito a cada tempo do compasso. E, finalmente, transferimos essa mix para o laptop e de lá enviamos para os outros membros da banda, ou para o cliente.

Quando ouvimos nos falantinhos do notebook, quase entramos em depressão absoluta. De repente o baixo sumiu. O bumbo é ouvido totalmente fora do plano conhecido, sem grave algum e com um "kick" sobrando nada musicalmente no arranjo. O aro estala alto e seco, e a voz fica alta em alguns momentos e afundada em outros. Perdido nisso tudo, tem um Rhodes tentando ser o elemento que amarra uma mix mal ajambrada, sem muito sucesso. Por que aconteceu essa tragédia ?

Simples novamente: a mix não foi calcada em seus elementos fundamentais, e sim no envolvimento causado por um edredom de graves em torno do engenheiro de mixagem. Sua monitoração pode estar grave demais, ou, mesmo que esteja alinhada, seus ouvidos não estão alinhados com a monitoração. Que tal, como sempre, ouvir outras coisas nessa monitoração? Ainda assim, o foco desse tema de hoje diz respeito ao fato de a mix ter que soar decente quando ouvida em sistemas que não reproduzem os graves. Da mesma forma que mixar em caixas sem graves faz com que você tenha uma mix totalmente inesperada na região que você não ouve, é igualmente importante verificar se ela soará coerente em sistemas que não reproduzem as oitavas lá embaixo.

Lembra das NS10? Quantas vezes você não perguntou como alguém conseguia mixar "naquilo"? Voilà. está aí a resposta.
Tags: Grave
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