Sólon do Valle
Publicado em 01/02/2002 - 00h00
Mais uma vez se cumpre a estranha vocação do rock em perder prematuramente suas estrelas maiores. Hendrix, Joplin, Vaughan, Morrison, Jones, Bonham, Moon, Presley, Seixas, Lennon, Harrison e Frommer foram alguns nomes chamados ao céu antes do que imaginaríamos possível. O Brasil também tem o péssimo costume de perder muitas de suas melhores cantoras antes do tempo que supomos certo. Elis, Clara, Nara, Carmen, Silvinha e Maysa também não puderam ficar aqui em baixo o suficiente para nossos ouvidos.
Desta vez, a perda foi para os dois lados. Nossa roqueira mais promissora foi embora cedo também. Cássia vai fazer falta, como pessoa e como símbolo. "Agora está em boa companhia"... hipocrisia. Queríamos que ela estivesse aqui, por muito tempo ainda.
Assim como as substâncias tóxicas vêm fazendo estragos irreparáveis na história da Música, o Áudio está sofrendo um processo de intoxicação que, embora felizmente não seja letal nem incurável, tem deixado seqüelas nada agradáveis.
Falo da perda do culto à qualidade de gravação, tal como vivíamos nos anos 70 / 80.
É estranho. Naquele tempo, o equipamento de áudio capaz de produzir discos de qualidade custava uma fortuna - o home studio era impensável para o artista de classe média. O disco LP não era exatamente a fina flor da reprodução sonora, com seus estalos e chiados variados.
Então, porquê hoje, com o custo acessível do áudio profissional, o som não é mais maravilhoso e desbundante?
A resposta está na vulgaridade. No culto à quantidade. No volume mais alto que o do concorrente. Na supremacia do marketing, com seus PMPOs e "artistas" descartáveis. No total desprezo à qualidade artística em favor de vendas milionárias em curto prazo. No uso de bom equipamento por falsos talentos. O que mais vemos é gente desinformada culpando o equipamento e a mídia digitais por erros que estão, na verdade, nos pseudo-gênios que os operam. Então, como pode haver alguns CDs com sonoridades belíssimas?
Por fim, a vulgaridade gerou seu caçula: a pirataria. É a pá de cal na história do Áudio musical.
Vamos lá, leitor: diga NÃO às drogas! De todos os tipos.