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Revista Luz & Cena
Editorial
Música X Tecnologia
Sólon do Valle
Publicado em 01/06/2005 - 00h00
Como??? Música versus Tecnologia? Elas brigaram?
Sim e não. Desde 1877, com a invenção do fonógrafo, existe uma disputa velada entre estas duas artes que, em tese, deveriam ser companheiras inseparáveis.
No primeiro século de gravações e rádio-transmissões, os progressos foram históricos. Os microfones, os mixers, os falantes, as técnicas de captação, registro e distribuição de som musical evoluíram do cilindro de cera de Edison até o DVD-Áudio, o SACD e outras mídias de alta definição. Do fonógrafo às workstations digitais de muitos bits e muitos quilohertz. Das lâmpadas transformadas em válvulas aos DSPs que cada vez aceleram mais os processos digitais. Do rádio de galena (alguém ainda se lembrava disso?) ao rádio digital que, infelizmente, ainda não chegou à América do Sul.
Os músicos eruditos, no entanto, sempre mantiveram um misto de complacência com desprezo em relação ao som eletrônico, do tipo "o som está até bom, mas nenhum equipamento eletrônico se compara ao som natural de um instrumento."
Por outro lado, existe muita gente que nunca ouviu uma orquestra ao vivo, nunca sentiu nos tímpanos a dinâmica e o timbre real daqueles instrumentos. E, à medida que a tecnologia avança, menos as pessoas em geral sabem como o som dos instrumentos, sem processamento nem compressão, é bonito. Apenas conhecem sua representação eletrônica, em 95% dos casos uma imitação grosseira da realidade. E hoje, com o crescimento da música eletrônica e o abuso dos plug-ins, nem se tenta mais representar o som real!
Parece que alguma coisa está errada, não?
Será que teremos uma geração futura que, na sua totalidade, não saberá avaliar o som de alta qualidade por absoluta falta de referência? Será que a tecnologia poderia matar a música?
Vamos trabalhar para que isto não aconteça!


 
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.