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Revista Luz & Cena
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Mais 'espertinho', 20 anos depois
Programa, o Novo Trabalho de Lulu Santos, Encontra Abrigo Ideal no Estúdio Fubá
André Luiz Mello, Jamari Franç
Publicado em 01/06/2002 - 00h00
Marcos Amorim
 (Marcos Amorim)
Lulu Santos comemora 20 anos de carreira solo extrapolando suas fronteiras artísticas em Programa, seu 15º disco de estúdio. Um apanhado das diversas texturas sonoras que ele explorou ao longo do caminho dentro das contradições que marcam esta trajetória. Lulu é bom de melodia, tem um dom infalível para a música romântica e poderia muito bem ser o Roberto Carlos de sua geração. Mas ele fez sua carreira través de rupturas, mudando a direção de seus discos como mandava sua inquieta personalidade, sem se importar com o mercado. Em Programa ele faz a viagem ao lado de Alex de Souza e Christiaan Oyens, que produziram o bem sucedido Acústico MTV, que bateu 800 mil cópias vendidas. Trabalhou em casa, no seu estúdio Fubá, tocando guitarra e baixo, com Alex pilotando teclados e Christiaan na bateria, além de músicos que admira como André Rodrigues (baixo), Xocolate (bateria) e Marçalzinho (percussão), todos companheiros na temporada de ano e meio do Acústico, que terminou em dezembro do ano passado. Sem falar nos Paralamas do Sucesso, que participam da faixa instrumental 4/5 e de uma jam session que fecha o disco como faixa-bônus. Herbert Vianna é fã de carteirinha de Lulu, a quem recorreu no início da carreira para conselhos sobre estilo e execução na guitarra.

"Realização Sonora"
Lulu considera Programa a realização sonora de fantasias como talvez nunca tenha feito. "Vinte anos depois a gente está mais espertinho", comenta, após assumir a primeira faixa, Do Outro Mundo, como um pop rock legítimo, oitentista e new wavoso. O passeio por diversos estilos - todos eles se linkando com a música pop - aparece em músicas como Tempo Real, influenciada pela época em que Lulu morou em bases da Força Aérea americana, em San Antonio, Texas. "Foi onde aprendi a comer comida mexicana. O Ry Cooder acabou concretizando a idéia de que bolero e slide vão juntos. Tem uma hora que é a mesma cordilheira que atravessa o continente americano".
Outro flerte com outros sons aparece na música A Mensagem. Lulu Santos mergulhou no rap americano no início da década de 90 e, a partir daí, começou a colaborar com Gabriel O Pensador, participando do hit Cachimbo da Paz e compondo com ele outro sucesso, Astronauta. Ao contrário do rap politizado de Nova York, que exerce muita influência sobre a música feita em São Paulo pelos Racionais MC's e pelo Pavilhão 9, o trabalho de Lulu tem um tom mais light. "Parece uma coisa praiana carioca, como é o Gabriel, como eu sou. Nem é uma contraposição frontal ao rap válido de São Paulo. E eu rapeei de uma forma muito melódica".
Programa também marca uma satisfação pessoal na carreira de Lulu, que se concretiza na última faixa, 4/5, gravada com os Paralamas do Sucesso. A música foi produzida por Lulu e é uma jam com Bi, Herbert e Barone, além de Alex de Souza nos teclados e Marçal na percussão. Herbert Vianna compareceu ao estúdio Fubá com uma Danelectro antiga e marcou a música com seu som característico. "Ele passou umas três, quatro horas aqui. Foi uma sessão comovente. A gente viu nesta sala o Herbert tocar Vital e sua Moto, depois disso tudo...", conta Alex. Na mixagem, Lulu Santos introduziu um bumbo eletrônico e optou por tirar o bumbo de Barone na segunda parte da canção O Sub Dub do Bi e do Ba.

As Contribuições para o Disco

Para Alex de Souza, administrar as viagens de Lulu Santos é difícil, já que ele pode muito bem se auto produzir e está longe de ser um leigo nos estúdios. Maior prova disso é que Lulu assina o CD como "diretor de produção". A principal complicação é ajudá-lo a entender o que realmente quer e passar isso para a fita.



O trabalho é facilitado pela experiência de oito anos entre Alex e Lulu, que começou com programações e samplers na época do disco Assim Caminha a Humanidade (1994). As gravações e a mixagem de Programa foram transferidas integralmente para o Estúdio Fubá, que acabou apresentando a sonoridade procurada pelo cantor enquanto trabalhava em outro estúdio maior. "Como eu conheço o Lulu, eu via que ele estava insatisfeito no final das gravações. Uma hora eu toquei um CD de uma demo que a gente havia feito no Fubá, pra mostrar uma música, e ele ouviu o som daqui de novo. Então disse: 'O que eu quero é isso, não o que a gente está fazendo agora.' Daí a gente tomou a decisão de recomeçar o disco aqui", conta Alex. A mudança para o Fubá também representou uma mudança da gravação analógica para a digital, via Pro Tools. "Para o jeito que o Lulu pensa, gravar em digital é melhor, porque sempre pode gravar e mixar simultaneamente. Apesar de soar um pouquinho diferente da fita, isso é desprezível em função das vantagens. Se a gente estivesse fazendo este disco análogo, ele não estaria pronto hoje".


Barone, Lulu e Bi Ribeiro, no Fubá

Depois de feita a mudança, produtores e músicos começaram a usufruir as vantagens e também desvantagens de um estúdio próprio. "Na nossa condição de gravação, há um constrangimento físico de espaço - que é mínimo - e de tempo. A gente só pode tocar alto aqui depois de seis horas, porque o prédio é um hospital", conta Lulu referindo-se ao imenso prédio comercial em que o estúdio está localizado, cheio de consultórios médicos, no Flamengo, zona sul do Rio. E o resultado, apesar da pequena metragem do Fubá foi satisfatório. "Aqui é muito fácil o técnico saber se o som que ele está gravando é igual ao som que ele está tirando, porque é só desligar a mesa e ouvir. Eu acho o som de bateria deste disco inacreditável. A força, o transiente, todos os sons são muito gordos. Não é aquela coisa raquítica, é redondo, baixas e altas freqüências definidas, como as coisas digitais costumam ser" , diz Lulu. A complementação de Programa, na última semana, ficou a cargo de Christiaan e Alex, que trabalharam bastante em cima do disco, trazendo mudanças que surpreenderam e agradaram ao cantor, como na faixa Compaixão. "Estava exausto. E eles pegaram o disco e usaram muito. Esfregaram, lavaram, torceram. Essa música ganhou muito na minha ausência. Ficou bonito, eu adorei o que eles fizeram".

 
Toda equipe do Fubá reunida com Lulu. Da esquerda para a direita: Eber Marcos, Alex de Souza, Lulu, França, Breno maia, Christiaan Oyens e Igor Alves

O trabalho musical de Christiaan Oyens foi destacado por Lulu como um dos pilares do disco. "Mesmo que a gente mude de instrumentos, a fundação tem que ser resolvida entre mim e ele", diz Lulu. O vocabulário pop característico de seus discos é perfeitamente dominado por Christiaan, que através de beats, levadas e samples conseguiu prover Lulu Santos exatamente com o que ele buscava. Aliás, Programa segue mais uma vez o recorte pop que Lulu imprime na sua carreira há 20 anos. Em Salto Fino, composta em 1979 com Bernardo Vilhena, o disco representa um twist, que começa a levar o ouvinte mais atento para outros rumos. "Essa música começa a empenada do disco, porque ela é mais séria do que as outras que vieram antes". Depois do início norteño e rapper (em Tempo Real e A Mensagem, respectivamente), aparece uma referência clara ao Massive Attack, que na verdade é mais clara ainda em relação ao tema principal do filme Carruagens de Fogo, do tecladista grego Vangelis. Essa na verdade era a intenção em Luca. "Eu adoro Massive, é uma boa referência. Música pop é assim, cheia de referência. Quando o David Byrne fez Psycho Killer, ele achou que estava fazendo algo tipo Alice Cooper (risos). Às vezes você quer fazer umas coisas e sai tão a contrário...". Com um bumbo similar ao Vangelis e a guitarra que induz à referência a Angel, do Massive Attack, a intenção da música homenagear o neto de Lulu Santos, Luca. Mas o próprio Lulu acabou achando que Luca parecia mesmo uma "canção para acordar bebê". Pouco antes do lançamento do disco, Lulu resolveu mudar quatro compassos de bateria da música, a fim de diferenciá-la mais ainda do som do Massive.

Os Atrativos do Fubá

Programa não foi o primeiro disco de Lulu feito no Estúdio Fubá. Apesar do espaço limitado, ele abrigou as principais idéias de um projeto maior, o Acústico MTV. Todo o disco foi resolvido lá dentro e foi lá que a banda aprendeu a tocar e mixou o que seria gravado uma semana depois (28 e 29/6/2000) no Polo de Cinema e Vídeo, no Rio de Janeiro. O disco Anticiclone Tropical, de 96, também teve suas bases sedimentadas no Fubá. O esquema de sair seis horas da manhã das gravações acabou há tempos para Lulu Santos. "Isso é histeria de gente que tem culpa de ter uma relação legal com o trabalho e acha que só pode estar trabalhando se estiver sofrendo. Passei por isso nos anos 80 e tive consciência de que não era pra mim. Porque depois de oito horas você pára de tomar decisões. Pra qualquer atividade tem que ter critério, porque você está usando a sua escolha o tempo todo", critica.
 
A sala de gravação do Fubá em dois ângulos

Uma das razões para o sucesso do Fubá, segundo Lulu, é uma área de atuação bem definida entre os profissionais do estúdio. Tudo gerenciado por Alex de Souza. O critério para o investimento em material, a conformação da sala, a escolha dos projetos e dos profissionais fica a cargo dele. Foi assim que um técnico jovem de Vitória (ES) fez o seu primeiro projeto e acabou se tornando um dos principais responsáveis pela satisfação de Lulu e Alex. Eber Marcos nunca sentou em uma mesa de um milhão de dólares e faz parte do que já se chama de geração Pro Tools. Apresentado recentemente ao Nas Nuvens, já foi chamado para trabalhar lá. Outras descobertas feitas por Alex marcam presença no disco, como o baterista Xocolate, anunciado por Lulu como o melhor instrumentista da área no Brasil. Cláudio Rosa gravou o disco da volta da Banda Black Rio no Fubá e aparece no baixo de algumas canções de Programa. A maioria dos projetos que são executados no estúdio aparecem através de Alex. Margareth Menezes, Zélia Duncan, Léo Maia (filho de Tim) também já passaram por lá. "Eu tenho um pouco de ciúme que a coisa funcione "TV aberta". Mas é mais porque foi uma operação tão pessoal. Mas evidentemente que é um estúdio de aluguel. Falando com o Alex tudo pode ser acertado", admite Lulu.
A parceria entre Alex e Lulu começou na turnê do disco Eu e Memê, Memê e Eu, de 1995, em que ele tocava teclados. Foi também nessa época que Christiaan Oyens conheceu Alex, já que ele também participava da turnê tocando bateria. No Acústico, Alex e Christiaan foram chamados fazer a produção. Christiaan começou seu relacionamento profissional com Lulu em meados de 1989, gravando com ele até o disco Mondo Cane, de 92. Desde então, a equipe encontrou uma sintonia para trabalhar em conjunto. "Todo mundo tem espaço para opinar. O que foi bacana no projeto do Acústico e nesse aqui é que as pessoas são muito bem entrosadas. O Lulu tem talento de montar equipes. Ele dá exemplos de coisas que ele lê da NASA. De como colocar pessoas numa nave (risos). A NASA tem psicólogos de plantão lá pensando nisso", ilustra Christiaan.
Depois do Acústico, que acabou sendo um inevitável apanhado de sucessos, o próprio Lulu admite que Programa faz parte de um ciclo que começou há 20 anos atrás, com Tempos Modernos. "Um dia ele chegou no estúdio e disse 'Eu ouvi Tempos Modernos". Para o Lulu fazer isso...é porque é uma reflexão mesmo. Fez as críticas e tal. No dia seguinte ele chegou e disse "Eu ouvi o Mondo Cane", de 1992. Quer dizer, ele está fazendo um balanço mesmo...". Em Todo o Universo, primeiro single do disco, Lulu mostra que o resultado deste balanço é uma veia pop se mantém após texturas eletrônicas, um "power trio" de rock n'roll (banda Jakaré), um acústico e todo o tipo de experimentações cabíveis em mais de 20 anos de carreira na verdade. "É inacreditável como a clicheria funciona. Esse é o iê iê iê romântico daquela música do Caetano, que eu sempre faço, recorrentemente. "Eu vou fazer uma canção pra ela, para lançar depois do carnaval/eu vou fazer um iê iê iê romântico, um anticomputador sentimental/eu vou fazer uma canção de amor". Eu volto a essa canção do Caetano sempre (Objeto Não Identificado)."

 

Programa, Dissecado por Lulu

Do Outro Mundo

"Somos nós três. O tempo todo eu estou tocando a guitarra Fender Jazzmaster em ré através de um set up em que eu splito em um TC Chorus pra um Vox AC15 de um lado, e um Fender Bass Man do outro. Essa pedaleira tem um compressor, um wah-wah, um phase, um chorus e um eco. Este eco está sempre ligado com uma separação pequenininha só pra dar tamanho. E o chorus separa os dois amplificadores. Normalmente eu dobro a guitarra-base e depois entro com a Jerry-Jones de 12, numa caixa Leslie. Então, toda vez que eu vou chorusiando no estéreo, passando de um lado pro outro, é a Leslie. Eu toquei o baixo Danelectro, no Bass Man, também com a pedaleira, mas em mono, o Alex tocou um Wurlitzer e o Christiaan tocou bateria."

Amém
"É minha com o Herivelton Martins, Vinícius de Moraes (risos). A concepção desta música é ao contrário da primeira. Amém é mais R&Bish. Em vez de tocar no Vox, nos amplificadores ingleses, eu toco em um JC 120. Amplificador japonês, frio, duro, som de crioulo. Eu toco a Fender Strato com o captador fora de fase. Aquele som chique ... E no meio, o bridge, em vez de guitarra é o sitar elétrico Jerry Jones. O Alex está tocando o pianete Horner, que é uma jóia rara e preciosa, com um phase estéreo. O André Rodrigues está tocando o Jazz Bass convencional dele no Pod (Line 6). A gente acreditou muito no Pod de baixo nesta gravação toda. E o André Rodrigues é ótimo, porque ele tem todo o equipamento pra concretizar o que eu desejo. Tem o baixo primeiro, gravado no Pod com um som mais ou menos standard, e em seguida a gente dobrou algumas frases específicas, alguns com metais, com um Mutron."

Tempo Real
"De novo a primeira conjugação sonora, querendo soar mais tex-mex. A guitarra é de novo a conjugação dos dois amplificadores; e uma Fender Jaguar afinada em mi. Toda vez que a guitarra parece a conjugação de água cristalina correndo em cima de pedras, é como eu vejo o som do lick que é o motivo desta música. É a Leslie que está dando este molhado. O Alex toca o nosso harmonium, o André Rodrigues toca o contrabaixo de novo no Pod e o Christiaan faz esta levada mariachi mesmo."

Figurativa
"Glissando o órgão, glissando o slide e o baixo todo mundo começou... Nesta música é a Jazzmaster afinada em ré de novo no mesmo set up. O Alex toca um órgão Hammond."

A Mensagem
"Essa canção é uma continuação da linha das outras canções que eu e Gabriel fizemos juntos, sendo que agora eu faço o papel de rapper. O refrão foi uma idéia que me ocorreu em 11 segundos. Porque eu não tenho nenhuma idéia de quem eu sou, mas eu sei mais ou menos exatamente o que eu não sou. Era natural que fosse uma conversa, porque o refrão era tão definitivo, que qualquer explicação tinha que ser em termos de fala mesmo.
O violão na segunda parte da música é por textura. Por causa do som da Jaguar com as cordas pesadas de jazz no phase, aquela coisa meio R&Bish que tem nas harmonias. É pra ficar mais transparente, eu repito mesmo com o violão pra dar mais textura. Aí entra o piano. Depois volta, primeiro espectral, pra depois voltar corpóreo. O Alex está tocando piano Rhodes e o Xocolate na bateria. Era natural que fosse uma conversa, porque o refrão era tão definitivo, tão fechado em si, que qualquer explicação tinha que ser em termos de fala mesmo, com farrapos de melodia."

Todo o Universo
"Beatles, pop music, concentrada como um extrato de tomate, numa lata... Todos os clichês de pop music impossivelmente frescos por causa da voltagem emocional da melodia, e o jeito que ela encaixa. Eu acho esta música gloriosa. Porque acreditei nela na hora em que eu estava fazendo, fiquei emocionado... A astronomia serve tão lindamente como metáfora naquele refrão... Eu toco baixo e o Christiaan toca bateria de novo."

Salto Fino
"É uma canção feita em 1979 em parceria com o Bernardo Vilhena. Depois que eu saí do Vímana (em 76), ele tinha aparecido como letrista do Ritchie. Essa música é completamente desprovida de qualquer técnica composicional que eu tenha adquirido depois. Ela é apenas um output, uma afirmativa de como é a minha música. Foi uma época em que eu estava ouvindo música preta de dança. Neste caso eu nomino a inclusão do pessoal na tripulação do melhor baterista do Brasil, o Xocolate. É o melhor instrumentista de bateria que você pode encontrar pra qualquer estilo. A capacidade técnica e a execução... Eu não vou chamar um preto pra fazer a loura da história. E nessa faixa a quantidade de preto já aumenta, porque tem Xokolate, tem Marçalzinho, que nas outras faixas está fazendo uma percussão mais leve uma hora ou outra, mas que aí já entra.... E tem o Cláudio Rosa, baixista da Banda Black Rio."

Walk People
"Eu acho que é século XXI. É uma música do Marcos Valle com o Ed Motta. Este piano evidente é o Marcos. É música brasileira como podia ficar internacionalmente, sobretudo por causa da qualidade da composição e do jeito bacana como a gente resolveu isso tecnicamente. Tem muito teclado, bateria eletrônica, farrapo de drum 'n' bass que eu pedi pro Christiaan colorir com uma batida mais sambosa. E o solo de guitarra tem essa coisa de solar sem estar solando."

Compaixão
"Essa canção era pra ser do Popsambalanço, de 89 e não foi lançada. Tem um trabalho bonito de bandolim do Christiaan. Eles conseguiram armar uma orquestrinha meio cigana, meio fantástica. Uma música que parece Leandro e Leonardo e um filme do David Lynch. Você não sabe se isso é sério, ela tem um tom meio surreal. É hiper country. E ao mesmo tempo com a batida de bossa nova. O Christiaan toca bandolim e bateria, o Alex toca harmonium, o André Rodrigues toca baixo."

Luca
"Eu já tinha a canção. O beat que eu queria mesmo era de Carruagens de Fogo do Vangelis, que é o mesmo do Massive Attack. Eu procurava uma caixa que estivesse em três, seis por oito, e o bumbo com eco. E neste caso, não partiu pra soar igual ao Massive Attack. Apenas chegamos no mesmo resultado, provavelmente por causa das referências que eles têm. O barulho sou eu respirando na Leslie. Porque as coisas são distorcidas. Você pega os samples e distorce. Mas não é o Pro Tools. Dá um efeito de low fi nos samples. E quando acaba a gente deixou todos os barulhos, de todas as respiradas, porque a música foi caminhando."

Eros e Tânatos
"Eu adoro esta música. É um conceito inteiro. Eu sou carioca, brasileiro, ouvi marchinha de carnaval a minha vida inteira e essa canção é uma versão eletrônica dessa história. Uma homenagem à marchinha carioca, ao frevo de rua baiano, aos tiros elétricos...E mais eletrônico impossível."

4/5
"A jam foi gravada ao vivo, primeiro com o Bi e o Barone. Unadultered. A gente gravou um monte de tracks do Herbert, deu uma editada e encaixou uma história na música formal, que é aquele primeiro beat. 4/5 é a data de nascimento de ambos. É uma música que eu fiz como respeito e afeto por ele, e tive este prazer depois de vinte anos de tocar junto com o três."

4/5 (Sub Dub do Bi e do Ba)
"A música acaba e com a fita rolando, o Barone fez uma batida e a gente tocou mais um pedaço. Esse segundo pedaço do final, que chama o Sub Dub do Bi e do Ba, eu produzi, coloquei o Marçal, dei esta dubiada, o Alex tocou piano."


 
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