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Revista Luz & Cena
Em Tempo Real
Luana Moreno
Márcio Teixeira
Publicado em 04/05/2016 - 00h00
Luana Moreno, ou "Mumu", para os amigos, tem 33 anos e é mais uma das guerreiras do áudio nacional. Vinda de uma família que, segundo ela, nunca foi especialmente musical, bem novinha já fugia à regra e curtia discos de nomes tão diversos quanto Mendelssohn, Mozart, Milton Nascimento, Chico Buarque e Pink Floyd. "Também assistia MTV na casa dos parentes. Ficava dançando em frente à TV", recorda ela, que no início da adolescência curtia música eletrônica. O contato maior com o rock só se deu quando a Music Television brasileira foi finalmente sintonizada em casa. "Através dela conheci Hole e The Cure, e mais Nirvana, Alice In Chains, Soundgarden, Guns 'n' Roses, Slayer, Sepultura, Pantera..." Estava estabelecida a base emocional-musical que ajudaria a guiar sua carreira e, sim, sua vida.

Aos 16 anos, ganhar um violão velho ampliou sua conexão com a música. Depois vieram as aulas do instrumento e a primeira guitarra, parceira de Luana até hoje. "Uma das bandas em que eu tocava foi gravar em um estúdio, e foi ali que comecei a me interessar por áudio", recorda ela, que na mesma época conheceu Paulo Anhaia. Dessa amizade surgiu a ideia e a intenção de se viver de áudio e de música. "Foi questão de tempo até que eu largasse meu emprego, fizesse um curso na área e começasse a caçar trabalhos em estúdios", conta a técnica, que começou em uma loja de áudio e depois foi para o Estúdio MK. "Cerca de um mês depois o pessoal da Audiomobile retornou o contato que eu havia feito com eles. Fui trabalhar lá e fiquei durante mais de um ano, como assistente", acrescenta Luana, que enquanto ainda estava na Audiomobile começou a fazer som ao vivo na Funhouse, tradicional clube noturno paulistano. "Depois, segui para a Outs e fui assistente de palco no Inferno Club. Comecei ao vivo nos bares da Augusta", resume.

Entre as empresas de sonorização nas quais trabalhou, uma das primeiras foi a TrBr, para quem Luana faz freelas até hoje. "Fiz bastante coisa com a Tukasom; algumas com Torau; Muzik Produções; DGrau Sonorização; o extinto Café Paon; a produtora de áudio Ritmika Audio Arts; fui assistente do Uli, que faz gravação na Sala São Paulo e temporários no Sesc Ipiranga e Bom Retiro", lista a profissional, que também passou quase um ano trabalhando em navios de cruzeiro. "Fiz uma temporada no Brasil e outra na Europa na sequência, sem desembarcar. Sem dúvida esse foi um dos maiores desafios da minha carreira."

Além de ter trabalhado como técnica de PA e/ou monitor na equipe de nomes como Landau, Dominatrix, Ligiana Costa, Cia. Dos à Deux de Teatro, Luana já atendeu a muitos outros dos quais já era ou viria a se tornar fã, como Naná Vasconcelos, The Mothers of Invention (banda de Frank Zappa), Paula Lima, Edgard Scandurra, Karina Buhr, Guizado, Lu Horta, Graça Cunha e Companhia de Dança Contemporânea Jean Abreu Dance. No momento, Luana trabalha com freelas, sendo o Grupo Parampará e o Canto Livro alguns dos clientes frequentes. "Estou responsável também pela Selma Fernands, que esteve no The Voice Brasil, mas tenho me dedicado muito à 2600 Hz, escola onde dou aulas de especialização em técnicas de microfonação e onde devo começar outros cursos muito em breve, e à minha produtora de áudio, a Lunith Sound (www.lunith.com)."

Outra função exercida pela profissional é a de especialista de produtos, tendo já trabalhado com a Pride Music, com Shure e Genelec, Soundix, com Presonus, e atualmente com a Rode Microphones. E foi justamente trabalhando como especialista, com a Pride, em 2012, que Luana teve a ideia de criar um grupo no Facebook para unir as mulheres do mundo do áudio. "Os visitantes do estante não perguntavam nada pra mim, pois achavam que eu era uma promotora. Quando eu os abordava e dizia que era especialista, eles se espantavam", conta ela, que no mesmo dia criou o Female Pro Audio BR. "Convidei as meninas que eu conhecia, que eram menos de dez. Elas foram convidando amigas e a coisa cresceu. Daí surgiram grupos de estudos, encontros, workshops, visitas... Conheci muitas meninas talentosas e esforçadas, iniciantes e veteranas. Hoje o grupo conta com mais de 200 meninas de todo o país", revela Luana. Ela atualmente nota uma maior presença feminina no mercado. "É claro que isso não é mérito meu. Apenas lancei uma semente."

Perguntada sobre o que considera necessário para, no mundo do áudio, um profissional realizar seu trabalho com excelência, Luana destaca que gostar do que faz e não se deixar abater pelas adversidades são pontos fundamentais. "Também é muito importante estar sempre se aperfeiçoando, ser curioso e ouvir muita música, de todos os estilos e épocas", afirma. Para o futuro, quer seguir estudando e fazer sua produtora crescer. "Além disso, gravar e produzir artistas novos é algo que me satisfaz muito. Ajudar a trazer música nova para o mundo. Também gostaria de colaborar para a aceitação de mais mulheres em nossa área, tanto fazendo as garotas saberem que podem, sim, trabalhar nisso, quanto diminuindo a resistência que ainda existe", concluiu.

BATE-BOLA

Console: Para PA, Venue. No monitor, não tanto. Em ambas as situações gosto da linha CL, da Yamaha, e das QU, da Allen & Heath, que também é ótima pra gravação ao vivo.

Microfones: Com um AKG C414, alguns Shure SM57, um Senheiser MD 421, um par de Shure SM81 e um Beta 52A dá pra gravar praticamente tudo no mundo. Rode tem microfones incríveis, como o NT4, o NT2-A e o NT2000. Me surpreendi com Audix D6 e Samson C02.

Equipamento: Monitores de referência Genelec e Focal

Periféricos: Acho que nada substitui um bom pré

Melhor processador: Galileo

Melhor equipamento que já usou: Já faz um ano que estou usando Reaper e ele supera todas as expectativas

Última grande novidade do mercado: Sistemas de sonorização wireless, transmissão digital em 2.4 GHz e consoles em rack controlados por iPad

Melhores casas de shows do Brasil: Choperia do Sesc Belenzinho, em São Paulo, e Teatro São Pedro, em Porto Alegre

Melhores companheiros de estrada: Medidor de RTA, decibelímetro, protetor auricular e máscara de dormir!

Melhores sistemas de som: Meyer Sound M'elodie, para shows maiores. Para shows mais intimistas gosto muito das QSC. Também destaco as caixas da DB Tecnologia Acústica.

Plug-in: PSP Vintage Warmer, Distressor, suíte CLA da Waves; Amplitube, Melodyne, Izotope RX

SPL alto ou baixo? Por que? Sempre que possível, baixo, para inteligibilidade, definição e conforto tanto dos músicos quanto da plateia. Claro que o SPL depende do estilo, mas sempre evito exageros.

Melhor posicionamento da house mix: Se estiver centralizada e de frente pro palco, está ótimo!

Unidades móveis: Audiomobile e Mix2Go

Técnicos e produtores inspiração: Os mestres do início: Paulo Anhaia, Egídio Conde, Clement Zular, Eduardo Garcia, Marcelo Ariente, Luiz Leme, Ernani Napolitano, Fernando Ferrari. Os que conheci no mercado: Caio Nogueira, Demétrius Amaro, Kadu Melo, Fab Dupont, Claudinei Monteiro, Renato Carneiro; minhas colegas Florencia Saravia, Karrie Keyes, Chez Stock, Adriana Viana, Lilla Stipp, Julia Beirão, Allyne Cassini... E os que nunca vi ao vivo: Bruce Swedien, Sylvia Massy, Dave Pensado, Chris Lord Alge e Rick Rubin.

Sonhos na profissão: Viajar com meu próprio console e sistema e fazer PA de um grande festival de rock. Outro sonho, que está mais pra plano, é ter meu próprio estúdio comercial de gravação.

Sonho já realizado na profissão: Viajar o mundo e ver o meu nome e o da minha produtora nos créditos de programas de TV e documentários.

Dicas para iniciantes: As mesmas que sigo todos os dias - estudar muito; ouvir muita música; sempre perguntar o que não sabe; acompanhar e observar os mais experientes; manter a humildade e sempre tratar bem todos ao seu redor. Muitas vezes isso faz a diferença entre seu show ser um
 
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