Em nossa edição passada, ilustrando a capa de nosso caderno Luz & Cena tivemos a Maratona da Alegria FM O Dia, evento que, realizado no último dia 15 de novembro, reuniu, na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, nomes como os de Ivete Sangalo, Sorriso Maroto, Henrique & Juliano, Alexandre Pires e Anitta, entre muitos outros.
Sonorizado pela Audio Company - locadora representada na ocasião por seu sócio proprietário Dennis Rosa -, o festival, que contou com equipamentos de ponta, como um sistema d&b Audiotechnik e consoles Avid, Yamaha, Soundcraft e DiGiCo, levou pagode, samba, funk, sertanejo, pop e axé music a mais de 35 mil pessoas, que se divertiram na pista e nas arquibancadas do local.
Ao longo de todo o dia, em meio ao grande entra e sai de artistas no palco, nossa equipe circulou por corredores, conversou com organizadores e técnicos e anotou, pela primeira vez, a cobertura de um evento que não por acaso chegou a seu quinto ano consecutivo. O resultado, reservamos a vocês nas próximas páginas.
SISTEMA POTENTE PARA PALCO DE PROPORÇÕES GIGANTESCAS
Para atender a mais de dez atrações, que se apresentaram ao longo de todo o dia e à noite, a Audio Company disponibilizou um sistema d&b composto por 24 elementos J8 e quatro J12 no Main PA, 32 Q1 nos out fills, oito Q7 no front fill; 14 JSub e 32 S221, da Norton, nos subs, e 16 Q1 nos delays.
Empurrados por amplificadores D12, também da marca - com exceção dos subs auxiliares, que receberam os Lab-Gruppen FP10000 -, esses elementos atuaram, em boa parte dos shows, na faixa dos 112 dB e mostraram-se de grande inteligibilidade, principalmente considerando a variedade de sonoridades dos artistas.
"É [um sistema] versátil, robusto, de grande potência, que se sai muito bem em situações como essa, com atrações diversas. Escolhemos tanto ele quanto os demais equipamentos fornecidos para o evento pensando na necessidade de estar aqui com o que temos de melhor, e o resultado foi bastante satisfatório", disse Dennis, que a todo tempo ofereceu suporte aos técnicos.
O proprietário contou, ainda, que o alinhamento do sistema, feito com softwares como o Array Calc V7, próprio da d&b, e o Smaart, um dos mais utilizados no mercado, assegurou a esses técnicos um padrão sonoro que, segundo ele, dispensou qualquer tipo de ajuste.
"Entregamos [o line array] pronto para ser operado, pois recorremos à precisão dos programas, que sempre nos dão muita segurança. Quem o ajustou, fez por questão pessoal, por conceito, mas, pelo que vi, ninguém promoveu nenhum ajuste 'radical'", afirmou.
"BATE-BOLA" TECNOLÓGICO NA HOUSEMIX
Por contar em seu line up com tantos artistas, o festival promoveu o encontro de muitos profissionais, que, eventualmente, se "esbarram" na estrada e, nitidamente, comemoraram a oportunidade de, entre um show e outro, matar a saudade, conversar e trocar informações sobre equipamentos e novas tecnologias.
Ivan Cunha, o Batata, que opera o PA de Alexandre Pires, por exemplo, foi assistido pelos amigos Marcio Misk e Marcio de Paula, técnicos de PA e monitor da cantora Anitta, e Marcos Saboia, técnico de PA do Sorriso Maroto. Diante de uma Profile, ele disse que o legal de ser usuário de um sistema tão específico, como o da Avid, é poder transitar por suas diversas superfícies sem encontrar nenhum tipo de dificuldade operacional.
"Eu, que viajo o Brasil inteiro com a S3L, que é a mais compacta da classe, quando pego uma dessas [Profile], mais robusta, quase não sinto diferença, pois compreendo claramente a filosofia da marca, e, claro, o conceito de cada um de seus produtos, que são muito versáteis", explicou ele, ao lado dos companheiros, após sua apresentação.
Outro usuário das Profile, Carlos Kalunga, que trabalha com Ivete Sangalo, lembrou, pouco antes de iniciar o show da cantora, que antigamente os técnicos chegavam a um festival como esse e precisavam se adaptar ao que lhes era oferecido. Hoje, no entanto, garantiu, tais profissionais sabem que vão encontrar as mesas de sua preferência, e isso lhes dá uma segurança muito grande.
"O uso contínuo do equipamento faz com que o tempo de pré-produção seja, a cada dia, menor, afinal de contas, a intimidade gerada facilita nossa vida. Eu, que sou do tipo que gosta de fuçar tudo, a cada lançamento procuro me especializar, entender os diferenciais, para fazer bonito em minha estreia diante de um novo console", explicou ele, de olho em seu iPhone, no qual rodava os aplicativos Six Audio Tools e acompanhava o setlist do show.
"Tecnologia é tudo, né? A gente entra numa store virtual, baixa esses apps e tem, em mãos, por onde for, acesso ao Smaart e a um decibelímetro ultrapreciso. Com ele, me mantenho dentro dos níveis estipulados, pois, em muitos lugares, principalmente em áreas residenciais, as organizações dos festivais têm que respeitar o limite de pressão sonora imposto", concluiu.
Pronto para mixar o PA d'O Rappa em uma DiGiCo SD8, Ricardo Vidal engrossou o coro "encabeçado" pelo amigo e disse que os recursos à disposição de técnicos são realmente muitos. No entanto, para ele, o que faz a diferença mesmo é o profissional e sua bagagem.
"Caras como esses [Kalunga, Batata...], que são experts na arte de mixar, fazem shows com qualquer equipamento. E quando pegam mesas como as nossas [digitais, modernas], chegam a resultados incríveis, pois sabem utilizá-las de forma correta, otimizada", disse Vidal, enquanto desmontava seu equipamento e aguardava o início do show de Anitta, que encerrou o festival.
Logo em seguida, Marcio Misk, que opera o PA da cantora, admitiu que o interessante de encerrar o evento - de fato, uma maratona - foi assumir a responsabilidade de fazer um grande show, de colocar todo mundo para dançar mesmo depois de as pessoas curtirem, aproximadamente, mais de dez horas de música.
"E, para isso", disse ele, "não foi preciso 'inventar' nada, somente manter o vigor usual do repertório, explorando bem os graves e a pressão sonora do sistema, que o público automaticamente corresponderia a esses estímulos. O que, de fato, ocorreu".
"ARTILHARIA PESADA" NO PALCO
Disponíveis para os técnicos de monitor dos artistas que se apresentaram no festival, os monitores de chão M2 e JSub e os sides compostos por elementos Q1 e JSub, todos da d&b, foram, juntamente a consoles como Soundcraft Vi6 - usada como mesa master - e Yamaha PM5D RH, as grandes vedetes que figuraram em cima do palco. No entanto, outros equipamentos também fizeram bonito na mão de profissionais que por lá passaram.
Lázzaro de Jesus, que trabalha com Ivete, chegou ao festival "ostentando" sua CL5, da Yamaha, mesa com a qual viaja há dois anos. Com seu típico bom humor, o baiano, que agora atua como suporte técnico da marca no Brasil, se disse realizado por poder trabalhar com um equipamento de tal porte e ainda destacou algumas de suas qualidades.
"A CL5 é uma mesa diferente. Com ela, o técnico pode, por exemplo, customizar bancos a seu gosto, além de recorrer a um incrível pacote de plug-ins clássicos, que contém itens dos áureos tempos do áudio, como os Urei 1176, entre muitos outros", disse.
Enquanto o baiano pilotava os monitores de Ivete, o técnico de Anitta, Marcio de Paula, montava seu sistema compacto de monitoração, fornecido pela Laredo Áudio, e organizava o setup da cantora e sua banda, composto por um microfone sem fio Beta 58, da Shure, e body packs EW300, da Sennheiser.
De acordo com ele, "por ser muito simples e caber numa mochila, [esse sistema] é ideal para uso em festivais, pois, além de não ocupar muito espaço, pode ser configurado rapidamente, sem muito sacrifício, num cantinho qualquer do palco", encerrou.
FALA, PATRÃO
Os "porquês" do festival por Dennis Rosa, proprietário da Audio Company
AM&T: Dennis, vocês montaram um "PA dobrado" para sonorizar o evento. Explique, por favor, a opção pelo uso de quatro torres no sistema.
Dennis Rosa: Geralmente, quando temos um palco com uma garganta tão larga, ou seja, com mais de 50 metros, optamos por "dobrar" o sistema. Dessa forma, trabalhamos com maior folga e conseguimos o objetivo principal, que é cobrir toda a extensão do público.
Na Apoteose, além desse fator [a extensão do palco], ainda tínhamos que sonorizar as enormes arquibancadas e a área Vip, portanto, a necessidade de atuarmos com maior ataque, investindo na montagem L/R + L/R, era total.
Na sua opinião, que diferenciais fazem com que o sistema d&b seja indicado para um festival como esse?
Dennis: Olha, em um evento com quase 12 horas ininterruptas de música, é preciso trabalhar com um sistema que seja, acima de tudo, resistente. Como já trabalhamos há tempos com esse line array, como em festivais importantes, dentre eles, o São João de Ibicui, na Bahia, entendemos que valia repetir a dose.
Em um festival com tantas mesas, porque as Soundcraft Vi6 foram escolhidas como masters de PA e monitor?
Dennis Rosa: Essas mesas são, indiscutivelmente, sinônimo de segurança., facilidade operacional e boa sonoridade. Por conta disso, quando participamos de festivais como esse, as utilizamos no gerenciamento do sistema e em cima do palco.