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Revista Luz & Cena
Teste
Kit DRK-A5 de Avlex
Microfones Dinâmicos para Bateria
Paulo Mills
Publicado em 24/02/2015 - 00h00

Volta e meia o mercado de áudio cria seus modismos. Um deles surgiu recentemente e se espalhou por quase todos os fabricantes de microfones: o lançamento de kits para bateria. Oferecendo entre quatro e oito microfones, esses kits são destinados a estúdios e empresas de sonorização como uma solução coesa para captação de bumbo, caixa, tons, contratempo e pratos. Enquanto algumas marcas apenas reúnem microfones já existentes em seus catálogos, outras se dedicam aos aperfeiçoamentos técnicos ou ainda à competitividade econômica. A canadense Avlex se enquadra, sem dúvida, nesse último grupo. Com cinco microfones dinâmicos de padrão polar super-cardióide e um custo abaixo de 500 reais, o kit se destaca como sendo o mais acessível do mercado.

OS MICROFONES
A maleta da Avlex acomoda os cinco pequenos microfones, sendo quatro idênticos entre si, modelo PRA-228A, e o quinto - para o bumbo - modelo PRA-218A. O tamanho dos microfones, suficiente para caber apenas a cápsula e a garra (acoplada à carcaça), atestam a vocação dos mesmos para a captação de instrumentos fixos, como tambores ou mesmo amplificadores. Em ambos os modelos, o padrão polar se mantém constante para freqüências entre 250 e 4.000 Hz. Suas curvas de resposta em freqüência, mostradas abaixo, demonstram que os dois microfones têm bastante deficiência acima de 15 kHz, o que na verdade não faz muita falta para música pop. É sempre bom lembrar que as rádios FM são filtradas em torno dessa freqüência e nem por isso soam veladas - muito pelo contrário.



TESTANDO
Para testar o kit DRK-A5, nada melhor do que uma gravação ao vivo em estúdio, onde a presteza dos microfones pode facilitar - ou não - o trabalho do engenheiro de gravação. Dentro da sala acústica foi montada a bateria, alvo do nosso teste. Como o kit não oferecia nenhum microfone a condensador, os cinco PRA foram colocados nos seguintes tambores: bumbo (PRA-218A); caixa (PRA-228A); tom agudo (PRA-228A); tom grave (PRA-228A) e surdo (PRA-228A). Para complementar a captação, outros três transdutores foram escolhidos para focalizar o som do contratempo e dos pratos.
Como é de costume, a passagem de som iniciou-se com o bumbo. A resposta em freqüência do PRA-218A mostrou-se magra. Por mais que variássemos o posicionamento do microfone, o diafragma estreito (da mesma bitola dos demais) não conseguiu captar o corpo do bumbo com a devida profundidade. Diante disso, numa rápida mudança de planos, o microfone passou para o surdo - com um aproveitamento bem melhor: ótima resposta para os graves, bastante clareza e definição. Colocado sobre o tom-tom de chão, 15 cm acima da pele, o PRA-218A apresentou um grave compatível com o que se espera de um surdo, sem deixar de reproduzir com clareza o impacto da ponta de madeira da baqueta do músico.
Para caixa e tom-tons, o posicionamento foi praticamente o mesmo, ficando cerca de 10 cm acima dos aros, apontados para o meio das peles dos respectivos tambores. Os médios-graves encorpados e a clareza das baquetadas foram as características mais marcantes dos PRA-228A. Com uma mínima equalização atenuando médios indesejáveis foi possível timbrar satisfatoriamente, tanto a caixa quanto os tons. Com relação à presença dos tambores, alguns testes rápidos de equalização na própria mesa mostraram que durante a mixagem será perfeitamente possível realçar uma ou outra faixa de freqüências, pois todas estavam bem presentes e bem manipuláveis. Outra importante constatação foi que o vazamento de um canal para o outro foi bem pequeno, graças ao padrão polar super-cardióide, que atenua em torno de 10 dB a 90º.
Outra utilização clássica para microfones deste tipo é a captação de guitarra amplificada. Colocado junto ao alto-falante do Fender DeLuxe 112, o PRA-228A soou bastante bem. Ao posicioná-lo perpendicularmente ao plano do alto-falante, o timbre resultante lembrou bastante o do clássico SM-57. Comparações à parte, o pequeno Avlex mostrou ser versátil e de confiança.

CONCLUSÃO

O resultado gravado ficou muito próximo do que se espera de um kit de bateria de qualquer marca consagrada, com exceção do som de bumbo que realmente ficou devendo. A ênfase da resposta em freqüência do PRA-228A, em torno de 5 kHz, deu um toque de brilho nos tambores, contribuindo para a clareza citada anteriormente. A dureza dos microfones casou com os transientes rápidos de forma bem natural, amaciando os ataques e deixando o corpo soar um pouco mais. Independente do preço, este produto Made In China merece consideração pois, além de ter um desempenho satisfatório, é bem acabado, prático e atingiu um preço incrível sem abrir mão da decência sonora.

Visite www.avlex.com, ou procure pela Show Point Tel.: (21) 2570-2312.


Paulo Mills é engenheiro, produtor musical e sócio do Estúdio Mills no Rio de Janeiro.
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.