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Revista Luz & Cena
Pro Tools
Presets
Amenize sua preguiça começando do meio
Daniel Raizer
Publicado em 01/10/2012 - 00h00
Adoro presets! Não tem nada melhor do que chamar instantaneamente um lindo conjunto de ajustes no Channel Strip para que este resolva imediatamente a flacidez musical do bumbo, a nebulosidade da vocalista ou qualquer outra coisa que precise de ajuda na mix.

Muito bom também é percorrer os presets do Vacuum para enfim achar aquele timbre perfeito para o solinho sem ter que partir de uma onda senoidal ou sem virar um knob sequer. Ok, o Cutoff e Reso pode. Tá, no caso do preset que escolhi, abaixar um pouco o Release dos envelopes também ajuda... Quem aguenta não dar uma mexidinha no preset? Ninguém.

Por outro lado, não há nada de errado em usar um preset sem modificá-lo, aliás, indico que você ao menos parta de um preset para então chegar ao som que realmente deseja, seja ajustando um pouco o Threshold, a razão ou uma frequência que está quase no lugar certo. Todavia, de fato, em alguns casos não há nada a fazer mesmo, e isso não é crime e nem é feio. Nem um pouquinho. Os excelentes presets do Pro Tools foram criados por pessoas muito experientes, daquelas que gostam de tabelas de curvas de ganho de redução, planilhas com gráficos de distorção por intermodulação, líquidos fermentados, entre tantas outras coisas, e que, muito provavelmente, são mais experientes que você e eu (juntos).

Façamos um teste: crie uma pista de instrumento e inserte um Vacuum. Em seguida, clique no nome do preset atual (onde aparece ) e escolha outro da lista. Teste-o. Escolha a opção novamente da guia de presets. Agora tente criar o preset que você escolheu antes partindo deste, de forma que fique igualzinho. Caso você não seja discípulo do Isao Tomita, ou ele mesmo, ou o Miguel Ratton, desejo boa sorte!


Dica do Vacuum: sabe um daqueles botões que está faltando no painel, que mal se lê "Drive"? Aquele que fica logo abaixo da válvula, que tem um pequeno escorrido oxidado, ao centro do campo VTO One? Clique sobre ele duas vezes e você terá sempre um novo preset randômico. Quando achar um bacana, salve-o. Mais sobre esse "salvamento" nos próximos parágrafos.

Agora digo mais sobre os presets: definitivamente são boas escolas. Analise-os cuidadosamente e tente entender o porquê deles serem assim. Talvez a redução de ganho na região das frequências vizinhas das que estamos trabalhando provendo ganho seja uma técnica interessante de equalização...

Adoro presets e eles são meus amigos!

Salvar seus presets também é uma boa ideia, já que você vai querer utilizá-los sempre, pois partir do zero só é motivador para alpinistas. É certo que o Pro Tools dá ferramentas simples para que seus presets fiquem bem acessíveis na sua estação e também nas suas sessões que transitam entre seu home, outros estúdios, outros colegas e o masterizador (que deveria existir).


Se você simplesmente salvar a sessão com o plug-in do jeito que está, ele ficará estático e irá abrir do mesmo jeito que estava, óbvio, mas caso seja alterado, perde sua configuração atual e não haverá meio de voltar ao que era depois que a sessão for fechada e aberta novamente (outro ponto óbvio). Por isso, é boa ideia salvar seus presets mais importantes. Entretanto, antes de salvar presets é interessante escolher onde eles serão salvos. Vamos ver isso agora.

Antes, uma informação importante: presets são salvos no formato .txf e são facilmente encontrados - tanto quando perdidos - através da janela Workspace, que você aprendeu a usar e a gostar caso tenha lido um dos meus artigos do passado. Quando achar um preset nessa janela, simplesmente arraste-o para um slot de insert em uma pista. Um jeito fácil e rápido de abrir um plug-in já configurado.


Agora, sim, o assunto: existem vários lugares onde você pode salvar seus presets, mas os melhores são dentro da pasta raiz do Pro Tools, junto dos outros presets de fábrica ou dentro da pasta de sua sessão. Para escolher uma destas opções, clique na aba Preset na janela do plug-in e, do menu que se abre, escolha Settings Preferences, depois Save plug-ins Settings To e, por fim, uma das duas opções: Root Settings Folder, para salvar seus presets na pasta de presets do Pro Tools (que é a default), ou a opção Session Folder, para salvá-los na pasta da sessão. Escolha esta última agora para ver o que acontece em seguida.


Agora, para salvar um preset sem sobrescrever aquele do qual partimos, vá ao menu Preset e escolha a opção Save Setting As. O Pro Tools, então, abre automaticamente a pasta Plug-in Settings de sua sessão. Basta escolher um nome e apertar Enter no teclado QWERTY, ou Return, para os Applezeiros. Volte à lista de presets no plug-in: agora aparece uma pasta nova intitulada Session's Settings Folder, de onde pode ser carregado seu novo preset.


Se você deixar o caminho para salvar os presets em direção à pasta principal de presets (Root Settings Folder), este estará disponível lá na próxima vez que quiser e para todas as próximas sessões, mas não o que criamos antes e salvamos na pasta da sessão.

Agora, uma pergunta: como, então, transferir presets de plug-ins de um computador para outro? Depende. Se vai transferir uma sessão que poderá utilizar o preset do plug-in que você criou, basta salvar o plug-in na pasta da sessão, conforme vimos acima. Agora, se você vai apenas usar o preset em novas sessões, basta salvar o arquivo .txf em alguma mídia (ou mandá-lo pelo e-mail) e importá-lo no outro computador. Para importá-lo, basta clicar na caixa de Preset para que seu menu flutuante se abra, escolha a opção Import Settings e ache o preset. Ao fazer isso, o Pro Tools aplica o preset no plug-in e copia o preset para a pasta raiz dos presets do Pro Tools. Assim, ficará disponível para todas as demais sessões.

Outra pergunta, mas de resposta complexa e resultado curioso: e se quisermos chamar, de uma vez só, uma pista com vários plug-ins presetados, tem jeito? Tem. Esse "modus operandi" não é oficial, ou seja, não tem no manual e pode ser considerado fruto de subversivos, sejam eles hackers, nerds, programadores, experts, admiradores de tabelas de curvas de ganho de redução, de planilhas com gráficos de distorção por intermodulação e de líquidos fermentados, ou gente sem ter o que fazer mesmo. Porém, o resultado propicia uma fortíssima desenvoltura durante produções inspiradas. Vamos ver agora como criar a sua pista personalizada com seus plug-ins preferidos insertados e presetados ao seu gosto para que possa ser chamada quando quiser.

Primeiro, é necessário criar a tal pista (um Channel Strip) com seus inserts ou partir de uma existente que você já gosta. Faça isso agora. No exemplo a seguir, criei um Channel Strip de áudio no formato mono com um equalizador, um compressor, um de-esser e um delay insertados e organizei as configurações de cada um partindo de presets.


Selecione apenas este Channel Strip caso não esteja selecionado, vá ao menu File, escolha a opção Export e depois Selected Tracks As New Session. Na janela seguinte, clique no botão OK.



Na janela subsequente, chamada Save Copy of Session In, navegue até a pasta do Pro Tools. Atenção: no Windows, esta fica em Arquivos de Programas (x86)/Avid/Pro Tools, e, no Mac, em Applications/Avid/Pro Tools. Clique no ícone para criação de uma nova pasta no alto da janela e digite exatamente o nome "Track Presets". Clique sobre esta duas vezes para entrar na pasta e clique novamente no ícone de criação de pasta para criar uma subpasta dentro dessa, que chamarei de Channel Strip, mas pode ter qualquer outro nome. Clique nela para entrar nesta subpasta. Na figura a seguir, veja como ficou. Digite um nome para seu Channel Strip (eu escolhi "Vocal") e salve-o clicando no botão Salvar.



Agora a parte (pseudo) complicada: abra o Explorer (usando o atalho Windows + E), se estiver no Windows, ou use Finder, no Mac, e navegue até esta mesma pasta até ver o arquivo vocal.ptx. É necessário visualizar a extensão do arquivo. Dica: para ver as extensões dos arquivos no Windows, da janela da pasta clique no menu Organizar, depois em Opções de Pasta e Pesquisa e, na guia Modo de Exibição, desmarque o item Ocultar as extensões dos tipos de arquivos conhecidos.

Agora clique sobre o arquivo para selecioná-lo e mude a extensão para .ptxt. Confirme a mudança de extensão na janela de aviso clicando no botão Sim. O ícone muda. Veja o antes e o depois a seguir.


Agora volte ao Pro Tools e use o atalho Shift + Ctrl + N (ou Shift + Command + N no Mac) para abrir o menu de criação de novas pistas. Clique sobre o item onde aparece Audio Track. Aha! Aparece agora a nova pasta Channel Strips logo ao final dos tipos de pistas disponíveis!


Clique sobre o item Channels Strips agora para chamar o preset que criamos. Uma nova janela abre-se e de lá aparece o nosso único preset. Clique sobre o botão Create para criar uma pista contendo todos aqueles plug-ins já presetados que organizamos algumas etapas atrás.


Agora basta fazer outros presets e salvá-los da mesma maneira. Se você quiser, é possível criar pastas de presets dentro da pasta Track Presets, como, por exemplo, vocais, baixo, teclados, entre outras, e organizar tudo de modo virginiano. Também é possível criar Channel Strips de outros tipos, como de instrumentos, e todos estes estarão disponíveis para todas as suas próximas sessões. Quer mandar para seus colegas os seus Channel Strips? Anexe a um e-mail as pastas que criamos acima e ensine-os onde colocá-las.

Vá agora produzir todos seus presets.

PS: Agradeço ao Cristiano Moura pela divulgação em vídeo dessa curiosidade que mostrei aqui e que foi descoberta pelo pessoal do pro-tools-expert.com, prováveis pessoas muito experientes, tipo aquelas que gostam de tabelas de curvas de ganho de redução, planilhas com gráficos de distorção por intermodulação, líquidos fermentados...

Abração e até a próxima!

Daniel raizer é especialista de produtos sênior da Quanta Brasil, consultor técnico da Quanta educacional, músico e autor do livro Como fazer música com o Pro Tools, lançado pela editora Música & Tecnologia. Mantém o blog pessoal danielraizer.blogspot.com.
 
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