Arte Eletronica
The Creators Project 2012
Uma experiência sonora, visual e interativa
Fui convidado pela AM&T para cobrir, nos dias 4 e 5 de agosto, a edição brasileira de um dos eventos mais significativos no que diz respeito à inovação artística: The Creators Project. Em um espaço simplesmente fantástico, o Moinho Eventos, São Paulo recebeu, pela terceira vez, esta excelente iniciativa da Intel e da Vice, um evento que tem como essência servir de ponte entre a arte e a tecnologia. Composta por instalações, painéis com diversos temas, filmes e shows, a edição deste ano me fez acreditar que eu estava enganado em relação ao espaço hoje reservado ao Brasil para as artes contemporâneas.
Após conversar com vários organizadores e artistas, senti que nosso país, mais precisamente São Paulo, já tem o seu lugar cativo neste tipo de circuito. Como complemento, ouvi alguns outros comentários de que as pessoas daqui interagiram muito mais com o evento do que as que visitaram a edição de NY, por exemplo. De acordo com Tony Cebrian, gerente-geral da Vice Brasil, o conglomerado de mídia responsável pela curadoria do Creators, as escolhas do que seria mostrado foram feitas levando em conta critérios de inovação artística e tecnológica, o que acaba transformando o projeto em uma grande vitrine para novos talentos artísticos modernos.
O primeiro dia contou com a animada apresentação de um dos representantes brasileiros, a rapper curitibana Karol ConKá, que faz um rap melódico e bem pra cima em um projeto com produção e performance do renomado Nave, que contou, basicamente, com um computador e os vocais da Karol.
A apresentação de Shut Up And Play The Hits, um documentário sobre o LCD Soundsystem, lotou a sala principal. O vídeo, inédito no Brasil, foi apresentado em um grande telão, e a ótima qualidade da sonorização oferecida pelo pessoal da Audigy (empresa que sonorizou o evento) fez o público sentir algo próximo da sensação de se estar no palco, junto com o artista.
Entre os colaboradores artísticos do projeto está Doug Carmean, da Intel Labs, que é um dos desenvolvedores do #Creators Live, um experimento social que, com a ajuda do Instagram e do Twitter, conecta fotos tiradas e postadas no evento, criando grandes projeções em uma das paredes do local. Carmean contou que a instalação tem como objetivo transformar a relação entre o computador e o usuário e criar um alternativa mais dinâmica e intuitiva ao mouse e teclado, bem como libertar o usuário da tela padrão de computador.
No segundo dia fui direto visitar a instalação visual intitulada The Treachery of Sanctuary, uma leitura do artista Chris Milk de três grandes momentos criativos: a concepção ou inspiração; a destruição ou morte - ocasionada por uma possível crítica ou autocrítica; e, finalmente, a transfiguração - quando o artista consegue transcender à destruição. Nesta instalação, um imenso painel em tríptico (termo que descreve aquelas antigas pinturas devocionais cristãs formadas de três partes) fazia a captura dos movimentos das pessoas e gerava sombras com suas formas e movimentos, agregando imagens. Bem impressionante, a obra tem como objetivo incitar uma nova e interativa forma de arte, a qual, aliada à tecnologia, pode criar novas interações entre a obra e o público.
A apresentação de Tanlines, um synthpop regado a várias influências, contou com algumas bases pré-gravadas e a ajuda de alguns controladores e percussões para as linhas deixadas para a performance ao vivo. Segundo este duo do Brooklyn, formado por Jesse Cohen e Eric Emm, uma importante parte do trabalho em palco é saber escolher o que deixar para ser performado ao vivo, pois a energia e a atitude de elementos como os vocais e linhas de percussão, por exemplo, geram movimento e energia, imprescindíveis para uma boa comunicação com o público.

Uma das instalações mais visitadas do evento, a Six-Forty by Four-Eighty, de Janie Zigelbauk e Marcelo Coelho, consistia em um sistema interativo de pixels físicos magnéticos e iluminação própria capazes de interagir entre si, utilizando-se do corpo humano para isso. A dupla possui um estúdio de design que se dedica a gerar novas experiências humanas que envolvam, entre outras coisas, tecnologia. Eles se disseram muito motivados com os resultados obtidos no Brasil.
O americano AraabMUZIK fechou o evento, e foi, provavelmente, a apresentação mais aguardada e festejada de todo o encontro. Os dedos rápidos do artista pegaram fogo em uma performance de construção rítmica em tempo real, usando duas MPCs 2500 como instrumentos musicais.
De acordo com Cássio Tietê, diretor de inovação e novos negócios da Intel, a ideia geral é transformar o modo como as pessoas pensam e interagem com a tecnologia, e a arte é, sem dúvidas, a melhor forma de iniciar o processo e impactar as pessoas.
Principais equipamentos utilizados pelas atrações musicais
PA
Sistema principal: 2 K-Array KH4
Side fill: 2 K-Array KR400
Subgraves: K-Array KO70
Console Yamaha LS9 32
Monitores
6 monitores Mackie SRM 450
2 D.A.S. 118A e 2 D.A.S. DS15 (retorno dos DJs)
Console Yamaha 01V32
Bancada DJ
4 Pioneer CDJ 2000
Pioneer DJM 2000
Pioneer DJM 900
2 Technics SL 1200 Gold Edition
Bandas
Bateria TAMA Rockstar
Amplificador Fender Twin Reverb
Microfones
6 Sennheiser EW-135 G2
2 sistemas sem fio AKG WMS 450
Kit de microfones Beyerdynamic
Gravação
Sound Devices 788T
Christ é o fundador da Yellow, escola de novas tecnologias aplicadas à música e vídeo. Músico há quase 30 anos, iniciou seus estudos com o piano clássico, tendo atuado no Brasil e Europa. Mais informações no site www.yellow.art.br.