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Revista Luz & Cena
Plug-ins etc.
Chris Lord-Alge Collection
Plug-ins para quem quer sofisticar sem complicar
Cristiano Moura
Publicado em 07/11/2013 - 17h47
Com o conceito de uma linguagem totalmente "não-técnica", o Chris Lord-Alge Signature Collection é uma parceria entre a Waves e este criativo engenheiro de som, responsável por mixagens da Madonna, Bruce Springsteen, U2, Dave Matthews Band, entre outros. Neste artigo vamos ver um pouco mais sobre os plug-ins incluídos no pacote.

CLA COMPRESSORS: TRABALHO ANTERIOR

Nota: antes de produzir o Chris Lord-Alge Collection, a Waves já havia produzido a coleção CLA Compressors em conjunto com o mesmo. É um pacote que conta com a emulação de três compressores clássicos: Teletronix LA-2A, Urei 1176LN e Urei LA-3A. As figuras 1A, 1B e 1C apresentam os plug-ins e as figuras 2A, 2B e 2C são os hardwares.
Esta coleção é vendida separadamente e não será abordada neste artigo.

CONCEITO

A interface e a maneira de pensar dos plug-ins são voltadas aos músicos e técnicos de som de primeira viagem, mas se engana quem acha que isto significa que os processadores são básicos. Pelo contrário: por trás da interface simples tem muita coisa acontecendo. Por exemplo, ao ajustar o botão de compressão, internamente, mais de um compressor está atuando e quanto mais intenso o ajuste, outras interações relativas à equalização acontecem em paralelo.

Então, o mais importante é pensar que, ao mexer em um parâmetro, na verdade muitos outros estão mexendo. O resultado sonoro é uma mistura de vários processadores interligados, e não apenas um.

INTERFACE BÁSICA

Todos os plug-ins possuem controles básicos como graves, agudos, compressão e reverberação. A linguagem também é curiosa. Termos informais, como "bite", "roar" e "dirty", que são utilizados para descrever os resultados de certos parâmetros, e apesar de raramente agradarem a profissionais de áudio que já têm incorporada a linguagem técnica, é uma maravilha para um grupo cada vez maior de pessoas interessadas a explorar o mundo da produção de áudio. Apesar de botões semelhantes, a diferença é que cada um está configurado para atuar de uma maneira única.

Não há muito o que explicar, pois é muito intuitivo, e, por isto, a seguir, vamos falar apenas das características únicas de cada um deles e transmitir uma visão geral dos testes.

CLA BASS



O que realmente chama atenção é o controle de distorção. É muito comum perder bastante tempo descobrindo qual processador de distorção vai de encaixar com o baixo. Em geral, a busca é por uma saturação não muito metálica ou brilhante. Também costuma ser ruim distorcer o baixo a ponto de parecer uma guitarra. E, enfim, o resultado de distorção neste plug-in agradou muito por conseguir saturar de maneira diferente as frequências baixas (satura sem perder grave), e nas frequências altas não vem aquele timbre ardido. Outro controle interessante é o "sub" (em destaque na figura), que tem resultado muito similar ao plug-ins Rbass, da mesma empresa.

CLA VOCALS


Simples e direto. Não machuca, não melhora e não piora. Os resultados são bem naturais seja a configuração que for.

Confesso que tive bons e péssimos resultados, e, de forma geral, acho ainda que é algo que precisa ser refinado manualmente, com critério, e menos "chutado" em equalizadores e compressores individuais/tradicionais. Principalmente o reverb, é muito importante que esteja bem contextualizado com a música, e como a Waves não tem como adivinhar qual o estilo da sua música e como você a imagina (ainda.), poucas vezes consegui um reverb que funcionasse bem com a mix.

Porém, o delay é interessante e funciona muito bem. Tanto regulado como "slap" quanto "eight", apesar de ser uma pena não termos um controle sobre o feedback.

CLA GUITARS


Como em todo processador de guitarra, fiz experimentos com Rhodes e Hammond, além da guitarra, obviamente. Gostei bastante da simplicidade em chegar a um som interessante com qualquer instrumento. Parece ter sido muito bem esculpido, e foi uma grata surpresa, levando-se em consideração a complexidade harmônica destes instrumentos.

O destaque é a função Re-amplify, encontrada apenas neste plug-in. Funcionou muito. E com guitarra em linha, Rhodes e Wurlitzer.

CLA DRUMS



Entre todos, talvez o mais complicado de decifrar. Realmente tem uma grande engenharia acontecendo por trás dos parâmetros, muito bem-vinda, vale ressaltar. Antes de fazer os ajustes nos sliders, é importante escolher no botão em destaque na figura qual peça da bateria será tratada.

O que realmente parece ter faltado é um controle das frequências médias. Na verdade, isto falta em todos, mas na bateria se torna uma situação crítica. Serve bem para samples, BFD, DKH, Addictive Drums e afins, mas para bateria acústica é mais complicado, pois é um instrumento em que a mixagem geralmente depende bem mais de cortes de frequência bem feitas do que de ganho, e, neste caso, as frequências de corte precisam ser mais precisas. Ajustar "mais ou menos perto" não costuma dar tempo.

CLA EFFECTS


Podemos entender este plug-in como um grande processador tudo em um, útil principalmente para músicos que estão produzindo e querem criar algo interessante com ele sem precisar pensar em bus, mandada, efeito, retorno etc.

Os controles permitem misturar facilmente uma gama de efeitos, e, neste caso, torna o processo muito criativo.

Uma das posições de ajuste de EQ chama-se "telephone" - um conceito que tem sido muito aplicado em pop/rock. Também possui dois processadores independentes de delay, perfeitos para criar camadas e texturas.

CLA UNPLUGGED



A ideia deste plug-in é a de ser usado em piano, violão, flauta ou qualquer instrumento em que a tendência é soar mais natural. A diferença principal com relação aos outros é que este tem dois reverberadores, o que faz toda a diferença, pois não é apenas uma questão de quantos instrumentos o plug-in se dispõe a "abraçar", mas também o contexto em que estes instrumentos estarão, que pode variar muito a necessidade de reverberação. Vale, inclusive, experimentar este plug-in com voz.

CONCLUSÃO

O objetivo dos plug-ins foi muito bem atingido. Ou seja, fornecer uma interface sem mistérios e com resultados interessantes sem gastar horas e dispersar o músico durante seu processo criativo.

Realmente, sentimos muita falta de um botão exclusivo para cuidar de frequências médias, mas ainda assim este pacote cumpre muito bem o seu papel.

Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools e treinamentos em mixagem na Proclass. Para envio de comentários, dúvidas e sugestões de assuntos para os próximos artigos, entre em contato pelo e-mail: cmoura@proclass.com.br.
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.