Localizada em um shopping center da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a Nova Igreja está de cara literalmente "nova". Na gerência das operações de áudio do templo desde novembro de 2011, o técnico de áudio e professor do IATEC Vagner Pedreti foi o responsável direto por tais mudanças, aprovadas em sua totalidade pelo fundador da instituição, o Pastor Mauricio Fragale.
Em uma tarde tranquila, horas antes de um culto, Pedreti, que tem em seu currículo diversos projetos do gênero, nos recebeu na igreja e contou detalhes sobre a remodelagem completa de seu ambiente de trabalho, que comportou, dentre outras coisas, a aquisição de um novo sistema de mixagem, um sistema radiante e a criação da nova acústica para a sala.
ATERRAMENTO FOI O PRIMEIRO PASSO
A reforma da igreja começou a ser feita pela parte elétrica. Apesar de funcional, como Pedreti faz questão de frisar, ela precisava ter todo o seu sistema de aterramento revisto, trabalho que foi desempenhado pela equipe da FGL Áudio, empresa do engenheiro Framklim Garrido. "Fizemos um estudo e descobrimos que o aterramento existente era insuficiente para nos dar segurança", lembra ele.
Dentre as ações promovidas pela FGL, estiveram a construção de uma malha de aterramento para redução de ruídos na instalação de energia, o tratamento do solo com produtos químicos específicos, deixando-o em condições para ser usado no novo projeto, e a instalação de uma barra de equipotencialização no QGDE.
EQUIPAMENTOS DE PONTA
Com a parte elétrica bem aterrada, chegou a hora de Pedreti escolher os equipamentos que fariam parte do novo projeto. Depois de um "namoro" com a Quanta AV Pro, ele decidiu adquirir, para a igreja, um console digital Venue SC48, da Avid. A opção pelo modelo, diz o técnico, se deu em função da cobertura total das necessidades da instituição.
"O projeto tinha como objetivo oferecer à igreja tudo o que fosse necessário para sonorizar, gravar em multipistas e mixar apresentações ao vivo, e, futuramente, programas de TV, transmissões para a internet etc. Para tanto, a SC48 tornou-se uma boa opção", explica. "Trata-se de uma mesa que serve não somente para a operação dos cultos, mas também para a gravação dessas apresentações. Ou seja, atrelada a uma plataforma Pro Tools, passa a ser, acima de tudo, indispensável na geração de conteúdo próprio da igreja, tal como CDs e DVDs ao vivo, por exemplo", justifica.
Mas faltava, ainda, um bom sistema de sonorização. Afinal de contas, o que seria de uma excelente mesa sem boas torres de caixas? Então, após alguns testes feitos com diferentes line arrays, o técnico decidiu pelo K-array, composto por seis elementos KH15 - sendo três por lado -, dois subgraves KO40 e quatro elementos de front fill KK50. Pedreti explica a opção por essas caixas.
"Na Nova igreja, a palavra é o instrumento de comunicação maior, ou seja, tudo o que é ministrado aqui dentro é feito por meio dela. Por isso, a necessidade de um sistema que soasse com enorme clareza, inteligibilidade e, principalmente, baixíssima distorção. Com o K-array, temos o que precisamos: um som agradável, com muita pressão e nem um pouco distorcido", diz. "Sem contar que, com ele, trabalhamos com 'folga'. Não precisamos recorrer ao máximo de sua potência. Ficamos ali, 'pelo meio do caminho', e ainda assim conseguimos bastante som", completa ele, que não dispensou o uso dos front fills para atender às pessoas que ficam próximas ao palco.
Ainda que boa parte do equipamento usado no novo projeto da igreja tenha sido adquirida por Pedreti, ele também preservou itens comprados na gestão anterior à sua, tais como microfones, monitores de chão e monitores pessoais.
"Quando cheguei aqui, havia um setup composto por diversos SM87 A ULX, sem fio, Beta SM98D, SM57 e SM87A, todos da Shure, e AE2500, da Audio-Technica, entre outros. Microfones estes que são usados até hoje. Também mantivemos pares de monitores de chão Bose, modelo Panaray 310M, e oito monitores pessoais Aviom A16, que, com a aquisição do console e de uma placa de expansão, estão em constante uso", diz.
ACÚSTICA TEM PAINÉIS FRACTAIS E DE ABSORÇÃO
Idealizado pelo próprio Pedreti e executado pela Armond Arquitetura e Construções, o projeto de acústica da igreja conta, basicamente, com painéis fractais e de absorção sonora. Os painéis fractais, compostos por cubos de dimensões diversas, foram construídos em MDF recheada por lã de rocha. Instalados no fundo do palco e na parede oposta a ele, oferecem, segundo o próprio Pedreti, "uma excelente dispersão sonora ao ambiente".
Já os painéis de absorção, também construídos com MDF recheada por lã de rocha, além de couro texturizado, são dispostos nas paredes laterais da igreja e têm como função absorver ao máximo o som que "passeia" pelo ambiente. "Esses painéis [de absorção] têm um acabamento elegante e dão ao ambiente um aspecto visual interessante, além de grande conforto sonoro aos fieis, que vão de jovens a pessoas idosas", diz ele.
Pedreti lembra que, além desses elementos, foram produzidos e instalados, no teto da igreja, dois outros painéis. Construídos com placas Delta e lã de rocha, eles também têm, de acordo com o técnico, a função de absorção do som no ambiente.
"São painéis recuados, que têm seu papel acústico no projeto mas que também tiveram importância na construção da nova sala", conta, lembrando que todos os painéis citados foram instalados sobre paredes de gesso acartonado, "também recheadas de lã de rocha para maior controle do ambiente", encerra.
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