RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Plug-ins etc.
Equalizadores Waves
Entenda um pouco da história para saber o que esperar do REQ, Q, SSL e Linear Phase EQ
Cristiano Moura
Publicado em 07/04/2013 - 20h49
A Waves Audio é uma das mais conhecidas e renomadas empresas de plug-ins do mercado, e hoje é praticamente peça obrigatória em qualquer estúdio de produção de áudio.
Apesar de vender seus plug-ins individualmente, encontrou seu espaço no mercado vendendo "bundles", que são nada mais do que pacotes de diversos plug-ins para as mais diversas funcionalidades e, por conta da relação custo-benefício, este modelo acabou se firmando no mercado profissional.

Especificamente com relação aos equalizadores, a Waves disponibiliza muitos modelos que tendem a confundir o usuário, dada a sua interface similar. Neste artigo, vamos entender um pouco mais sobre as peculiaridades de cada um deles.

Q10 PARAGRAPHIC EQ

Um dos primeiros projetos da empresa, foi desenvolvido para prover ao usuário o controle preciso de até dez bandas de frequência com a menor distorção harmônica possível e sem coloração. Hoje, na era digital, este tipo de qualidade é exatamente o oposto que normalmente as pessoas procuram, mas, naquela época, engenheiros de som acharam incrível o fato de finalmente terem a opção de equalizar e cuidar de uma banda de frequência sem colorir todo o resto do sinal.

Para ajustes finos, realizados no processo de masterização, um equalizador mais "cirúrgico" e que não agregasse características ao sinal era algo constantemente requisitado pelos profissionais, e o Q10 foi projetado para cumprir esta função.



REINASSENCE EQ

O REQ, como também é chamado, veio logo a seguir para tentar suprir um momento-chave da evolução do áudio digital, em que audiófilos, engenheiros de som e amantes da música em geral questionam a "transparência" do áudio digital, livre de distorção harmônica e coloração vinda da fita magnética, compressores, equalizadores e outros equipamentos analógicos.

A Waves produziu então o REQ, que prometia trazer as características analógicas para dentro da DAW. Sua principal diferença está nas suas curvas, que apresentam comportamento não-linear dependendo da largura de banda (Q), da frequência predominante e do tipo de filtro. Por exemplo, repare que apesar de usar um valor idêntico no parâmetro "Q", ao atenuar uma frequência (figura 2A), a largura de banda é menor do que quando se amplifica (fig. 2B).



Uma dos diferenciais do REQ é seu equalizador shelving. Ao ajustar o ganho, parece um shelving comum, mas a possibilidade de ajustar o slope (a curvatura de decaimento) permite criar um pequeno corte em torno da frequência central, muito similar à resposta de equalizadores analógicos (figura 3).

Outro fator a ser considerado é que o REQ possui processamento interno de 64 bits, o que, em poucas palavras, significa mais detalhes e possibilidade quase nula de distorção digital.



Resumidamente, enquanto o Q10 é a ferramenta ideal para ajustes cirúrgicos em muitas frequências e largura de banda extremamente definidas, o REQ é projeto para moldar e esculpir um timbre.

LINEAR PHASE EQUALIZER

Este terceiro produto apareceu mais tarde para solucionar a distorção de fase, outro problema que só pôde ser resolvido no domínio digital. Podemos entendê-lo como uma evolução do Q10, em que o objetivo era ter controle absoluto de uma frequência específica sem alterar o resto do espectro sonoro.



SSL E-CHANNEL

Já num momento mais recente de nossa evolução tecnológica, a Line 6, com seu POD, popularizou o conceito de emulação de equipamentos analógicos. Desde então, diversas empresas disputam uma "corrida" em busca de criar a mais fiel emulação de equipamentos analógicos "clássicos". Nos produtos criados pelas empresas, nomes como "British", "Fultec" e "ES-ES-EL" eram usados para dar a entender ao ouvinte o que eles estavam emulando, pois nenhum tinha o direito de usar os nomes oficiais das marcas em questão.



A Waves, então, cravou mais uma vez seu nome na história, sendo a primeira empresa a conseguir licença e aprovação de um projeto de plug-in nativo. O plug-in SSL E-Channel foi desenvolvido com ajuda da Solid State Logic, sendo baseado na equalização dos consoles de mixagem de grande porte da SSL E-Series. A aprovação deste produto pelo público foi tanta, que até hoje é o plug-in mais vendido da história.

SSL G-EQUALIZER

Baseado na SSL G-Series EQ292, este equalizador também é licenciado pela SSL e possui alguns recursos a mais que o E-Channel. Seu estágio de ganho possibilita mais incremento e a largura de banda pode ser ainda maior do que a do E-Channel, o que resulta na possibilidade de equalizações mais extremas.


Suas curvas de equalizações possuem características "clássicas". Em torno de um corte, um leve incremento acontece nas frequências vizinhas, e, em torno de um ganho, um leve corte acontece nas frequências vizinhas. Nas figuras 7A e 7B a atuação é exemplificada no gráfico de outro equalizador.



CONCLUSÃO

De acordo com o conceito do fabricante, podemos, então, entender os equalizadores da seguinte forma: para tratar de problemas críticos, ruídos e instrumentos com ressonância muito pronunciada, os plug-ins mais indicados são o Q10 e o Linear Phase Equalizer. Estes também são recomendados para processos de masterização ou qualquer outra fase em que se procura um equalizador de ajuste fino e que altere o mínimo possível do áudio original.

Para mixar ou masterizar usando um conceito artístico, em que o usuário tem mais interesse em esculpir o som ou trazer características novas para um certo elemento, os plug-ins REQ e a linha SSL são os mais recomendados. Todos estes são baseados em circuitos analógicos e possuem um comportamento não-linear, o que significa que o funcionamento do equalizador é diferente dependendo da largura de banda e da quantidade de ganho aplicado.


Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools e treinamentos em mixagem na ProClass-RJ.
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.