Miguel Ratton

Publicado em 27/03/2013 - 08h09

Entrei na máquina do tempo e voltei a 1988 só para me lembrar como era o mundo e como vivíamos há 25 anos. Aqui no Brasil as coisas eram bem diferentes: com a inflação subindo para a estratosfera e a cotação do dólar em patamares proibitivos, a importação de equipamentos era praticamente impossível. Quem quisesse comprar um sintetizador ou um bom amp de guitarra tinha que viajar para o exterior ou então usar os serviços dos "executivos de fronteira", tão comuns naqueles tempos.

Apesar de toda a crise econômica, a música brasileira viveu uma fase excelente nos anos 1980, principalmente o rock e o pop. Uma nova safra de jovens artistas marcaram época e muitos deles continuam fazendo sucesso até hoje. O barateamento da tecnologia começava a modificar definitivamente a maneira de se fazer música, com a proliferação de estúdios domésticos, com seus porta-estúdios, sequenciadores MIDI e reverbs digitais. Na mesma proporção, também surgiram novos espaços para apresentações ao vivo e, depois do Rock in Rio, a qualidade dos sistemas de sonorização passou a ser uma preocupação cada vez maior.

Paralelamente a todas essas mudanças, há exatos 25 anos surgia uma nova publicação, com poucas páginas, mas repleta de informações sobre os conceitos de áudio, amplificadores, caixas acústicas, guitarras elétricas, sintetizadores e as novas tecnologias que apareceram no final daquela década. Em pouco tempo, o jornalzinho virou uma revista e depois uma editora, com um acervo único no país em tecnologia aplicada à música.

O percurso histórico da Áudio Música & Tecnologia é um caminho que tem muito em comum com a vida de um grande número dos nossos leitores, vários deles, em alguns períodos, tendo atravessado para o lado de dentro das páginas. Esta participação tem sido muito importante, porque nenhuma revista sobrevive se não tiver bom conteúdo, e nada melhor do que ler um artigo escrito por quem entende do assunto.

Ao longo desses 25 anos, os diversos colaboradores que compartilharam suas experiências e opiniões em nossas páginas foram fundamentais para o crescimento e amadurecimento da revista. Mas, com certeza, a maior parte do sucesso da AM&T se deu por causa de Sólon do Valle, que estabeleceu os rumos da revista e dividiu conosco durante tanto tempo o seu conhecimento.

O mundo vem mudando muito rapidamente nos últimos anos, e os novos processos de divulgação de conteúdo através da internet provavelmente vão substituir o formato de revista que usamos hoje. Seja impresso em papel ou online, nosso compromisso será sempre o de proporcionar conteúdo de qualidade e continuar despertando o entusiasmo de nossos leitores a cada nova edição.

Miguel Ratton