Editorial
Expandindo o espaço sonoro
Miguel Ratton
Publicado em 04/03/2012 - 22h16
Com o som digital sendo reproduzido em 24 bits e com taxas de até 192 kHz, parece que a questão da qualidade na reprodução do sinal de áudio é assunto praticamente resolvido. Qualquer melhoria neste aspecto produzirá resultados pouco perceptíveis, restando ainda aperfeiçoar apenas pequenos detalhes. Mas isto não significa que não possamos ter experiências sonoras ainda melhores.
Os meios de reprodução de áudio e vídeo se dividiram, basicamente, em duas frentes, que vêm sendo muito bem contempladas pelos desenvolvimentos tecnológicos, já que ambas se mostram igualmente importantes em termos de mercado.
De um lado estão os sistemas com vídeo em HD ou em 3D, integrados a áudio em 5.1. Estes sistemas, originalmente chamados de home theaters, vêm se tornando cada vez mais populares graças à redução gradual do preço dos equipamentos. Obviamente, há diferentes categorias de produtos - para homes e para theaters -, mas mesmo os sistemas relativamente acessíveis podem oferecer ótima qualidade e funcionalidade. À medida que se ampliam as alternativas (e caem os preços das assinaturas) de TV a cabo digital em HD e surgem novos lançamentos em blu-ray, quem não vai querer curtir um filme ou um show com imagem em alta definição em tela cheia e com som em surround?
Do outro lado estão os aparelhos portáteis com telas pequenas que reproduzem vídeo e áudio compactados. O que se perde na qualidade se ganha na portabilidade e na disponibilidade. Numa época em que temos cada vez menos tempo e tudo acontece tão rápido, passa a ser importante a possibilidade de assistir um vídeo ou ouvir uma música em qualquer lugar e a qualquer momento - mesmo que seja só para mostrar para os amigos.
Há várias pesquisas voltadas a ampliar ainda mais a imersão sonora do ouvinte. No caso dos sistemas de surround residenciais, existem propostas para a adição de mais caixas acústicas, tanto para possibilitar a localização de sons na vertical, acima do ouvinte, quanto para melhorar a percepção sonora em sua volta. Já para os entusiastas dos celulares, tablets e afins, a indústria vem desenvolvendo tecnologias baseadas em psicoacústica que possibilitam compensar as limitações de reprodução de frequências dos pequenos transdutores e também ampliar a imagem sonora.
Em qualquer dos casos há perspectivas muito boas. Com a tendência do barateamento dos sistemas domésticos de som surround, haverá mais ouvintes e a demanda para produções mixadas em multicanais também crescerá. No caso dos aparelhos portáteis, em que o grau de qualidade não exige uma produção tão sofisticada, há muito conteúdo sendo produzido em estúdios domésticos. Tudo isto acarreta aumento nas vendas de equipamentos e software, além de mais oportunidades de trabalho para profissionais e estúdios. Parece bom para todo mundo.
Miguel Ratton