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Revista Luz & Cena
Sonorização
Café Sonoro
Conheça o Na Mata Café, espaço que conta com uma das melhores estruturas para shows de médio porte de São Paulo
Fernando Barros
Publicado em 09/01/2012 - 11h08
Divulgação
 (Divulgação)
Há mais de dez anos de portas abertas, o Na Mata Café segue como uma bela opção na noite paulistana. Mas a casa não se destaca apenas por ser um espaço eclético, frequentado por publicitários, empresários, músicos e modelos, mas, principalmente, pela sua cozinha internacional e programação musical.

A casa conta basicamente com dois ambientes. O primeiro é o salão, onde são servidos pratos e petiscos que fazem referência à culinária espanhola e que abraça as raízes brasileiras em sua tradicional feijoada de sábado. O som ambiente e o variado cardápio de drinks ajudam a dar o clima jovem e descontraído do local.

Seguindo pelo corredor do restaurante, encontra-se o Na Moita, o espaço musical do Na Mata Café, que ficou conhecido por ter uma das melhores estruturas para shows de médio porte da cidade de São Paulo. O Na Moita tem capacidade para 250 pessoas e, assim como todo o restante da casa, foi completamente repaginado no ano de 2010, comportando camarotes e bar dedicado, sem falar na acústica que foi readaptada e no novo backline fornecido pela Made In Brazil.

Cliff Li, sócio do Na Mata juntamente com Carlinhos Almeida, conta que o lugar surgiu de uma experiência feita a partir da casa noturna que funcionava no local anteriormente, o Popular. "Era uma balada que não estava dando mais tão certo e a gente teve que agir rápido e transformar o espaço sem ter muita verba. Usamos o dinheiro que tínhamos para comprar tintas e sair um pouco da noite. Em vez de uma balada, faríamos um restaurante. Durante seis ou sete meses trabalhamos somente como restaurante, na parte da frente da casa, e isolamos o fundo", revela.

Pouco tempo depois começaram as primeiras experiências de retorno ao universo musical. "Reabrimos o Na Moita, como ficou conhecido, e fizemos um projeto, primeiro às quartas-feiras, depois o Grooveria Eletroacústica, às terças-feiras, com Seu Jorge e toda a galera da Trama, como Max de Castro e Luciana Melo, além de também recebermos nomes como Ed Motta e Lulu Santos, entre muitos outros." Assim, a casa foi tomando forma e se consolidou como mais do que um restaurante, mas um importante local de música ao vivo.

Recentemente, mais um membro foi adicionado aos sócios, ou zeladores, como se intitulam: Felipe Ortiz, o mais jovem do time, que foi convidado para dar novo gás para as atuais e futuras empreitadas da empresa, como a reforma de 2010 e o lançamento da sua primeira franquia em Belo Horizonte, prevista para os próximos meses.

NA MOITA

A programação musical variada comporta tudo o que há de moderno nos estilos pop, rock, samba-rock, MPB, black music e eletrônico, deixando ainda espaço para o flashback. O espaço, que fica isolado do restaurante, também já foi utilizado para a gravação de diversos DVDs.

Walace Olivier trabalha no Na Mata como técnico de som há 11 anos e é DJ residente há nove. Ele conta que o espaço nasceu com a ideia de ser um restaurante e com uma área de shows na parte de trás. Por este motivo o som sempre foi uma prioridade. "O sistema de som é todo da espanhola D.A.S. na parte de PA, monitor e também no restaurante. As caixas de PA são as D.A.S. DS 15, trapezoidais, e a mesa é uma 01V96, da Yamaha. Já estou com ela há oito anos", comenta.


A mesa foi comprada para um show do Biquini Cavadão e "está durando até hoje, todos os dias apanhando de todo mundo, aguentando firme e forte", brinca Walace. A microfonação, por sua vez, é feita com modelos Shure, Sennheiser e com um kit Audio-Technica para a bateria. Amplificação e equalização ficam por conta de equipamentos Hotsound e Times One, empresas já consideradas "parceiras" do Na Mata. O equipamento de DJ é composto por dois Pioneer CDJ 400 para os CDs e um mixer DJM 400 também da Pioneer.

O técnico destaca que após a parceria com a Decomac, que forneceu todo o sistema D.A.S., a casa já teve a Playtech como patrocinadora, sendo a Made In Brazil a atual. "Toda a parte de backline do Na Mata é feita pela Made In Brazil. Nossa amplificação de baixo é italiana, da Markbass. Os amplificadores de guitarra são Blackstar e a bateria é uma DW que já está comigo há 11 anos, tendo sido utilizada no antigo Popular", revela Olivier.

A casa é completamente isolada e tratada acusticamente. Um grande vidro duplo isola toda a lateral do Na Moita, que também recebe uma forração acústica com base em celulose e gesso acartonado. "Tivemos um problema com um vizinho que reclamava do volume de som. Aí veio o pessoal do PSIU (Programa de Silêncio Urbano) falar com a gente. Eu disse que era impossível que o vizinho escutasse algo. O único barulho que sai daqui é o do pessoal na rua conversando... A parte de som eu posso garantir que não vaza", afirma Walace.

PALCO NOBRE

O porte médio da casa, em termos de capacidade de público, certamente ajudou na receita de sucesso que combina artistas de nível nacional, e, muitas vezes, internacional, com um clima intimista e descontraído. "Passou muita gente boa por aqui. Só o Leo Jaime teve uma temporada de três anos que arrebentou", que cita ainda Biquíni Cavadão, Milton Guedes e Júnior Lima, na época da Soul Funk, como outros exemplos de músicos ilustres que já tocaram por lá.



Mesmo com um público muito diversificado, que ouve do samba rock ao rock, para ele o forte da programação musical nos finais de semana ainda é o flashback dos anos 1980 e 1990. "Isto começou na época do Leo Jaime. Veio aquela onda de anos 1980 que todo mundo tocava e nós já estávamos há dois anos fazendo isso aqui. Depois, o Leo Jaime saiu, para fazer o show em outros lugares, e veio a Viva a Noite, que hoje em dia é a banda do Pânico na TV. Eles ficaram aqui quase cinco anos, sempre com os sábados completamente lotados. Na sequência veio o Frank Elvis, que está conosco até agora", afirma Walace.

Ele conta que, no começo, antes de possuir um DJ residente, o Na Mata contava com uma programação variada de DJs, cada um com um estilo diferente do outro. "Eu vim pra cá como técnico, mas um dia o DJ não pôde vir e eu acabei fazendo o evento. A direção da casa e o público gostaram e eu passei a ocupar o posto", diz ele, que antes de ser técnico já era DJ há quatro anos. "Foi muito tranquilo assumir esse papel."

RECEITA DE SUCESSO

Segundo Walace, para chegar nesta afinação de equipamentos e configuração foram necessários quatro anos de experiência. "A mesa 01V96 da Yamaha é uma mesa digital que facilita muito a operação e tem o recurso de salvar as cenas. Mas eu não salvo mais nada nela. Por conhecer a sonoridade da casa, tenho uma mixagem básica, que passa por ajustes de acordo com o som de cada banda que vem se apresentar."

Olivier diz que por muitos técnicos terem dificuldades em tirar o som adequado do sistema, ele está sempre presente para apresentar sugestões e dar todo o suporte necessário. "Já estou aqui há muito tempo. Conheço todos os cortes de frequência necessários. Em cima disso o técnico pode criar a cena da maneira que quiser".


"Este ano, por exemplo, tivemos um show do Almaz [banda formada por Seu Jorge e integrantes da Nação Zumbi e do Mombojó]. Dei a opção de partir do zero ou com uma cena pronta. Usamos uma cena pronta e conseguimos passar o som em uma hora", recorda o técnico e DJ, afirmando, ainda, que em bandas com som operado por ele mesmo, consegue o melhor desejado em apenas 15 ou 20 minutos. "Quando o técnico quer partir do zero, eu não tenho muito o que fazer. Vou jantar e deixo ele tentar fazer em uma hora o que eu fiz em quatro anos."

Para Walace, não existe muito o que inventar na mixagem. "Se você começa a enfeitar muito o negócio, acaba se atropelando. É uma mesa digital, um computador que você tem na mão. É uma mesa relativamente antiga e talvez um pouco mais difícil de operar do que as novas. Nas novas, você tem tudo na cara. Nesta não. Ela é como um papel dobrado que a gente vai desdobrando."

Grande parte do mérito da boa sonorização é de Walace. "Era totalmente diferente quando eu entrei aqui. Mudei muita coisa do sistema e do alinhamento, tudo o que era necessário mudar, e hoje somos considerados uma das melhores casas de música ao vivo de São Paulo pela qualidade do som", revela.



MAESTRO BILLY

DJ do Caldeirão do Hulk fala com a AM&T
Conhecido como o DJ do Caldeirão do Huck, programa apresentado por Luciano Huck aos sábados na TV Globo, o bem humorado Maestro Billy acompanhou a visita da AM&T ao Na Mata e concedeu uma entrevista exclusiva contando um pouco do seu diversificado trabalho entre as baladas e a televisão, além de revelar seu interesse pelo que há de mais novo em tecnologia musical.

Áudio Música & Tecnologia: Billy, você já conhecia o Na Mata antes de se apresentar por aqui?

Maestro Billy: Frequento a casa há pelo menos dez anos e agora também estou começando a tocar esporadicamente. Tento encontrar tempo pelo menos uma vez por mês. E tem outra vantagem: é ao lado de casa. Uma coisa linda.

AM&T: Qual setup você normalmente usa pra tocar na casa?

MB: Todo DJ que se preza, antes de comprar CDJ e mixer, deve comprar um fone de ouvido de boa qualidade. CDJ você acha pra tocar em qualquer lugar, dá pra se virar, mas é importante ter um fone bom e um fone seu. Eu, particularmente, optei pelo Sennheiser HD 280 Pro para situações de muito barulho, pois ele tem 40 dB de atenuação e cobre bem o ouvido. Quando é uma festa mais controlada, uso o Sennheiser Adidas HD 25, que é bem bonito.



No começo de 2010, comecei a usar uma Allen & Heath Xone Dx de quatro canais para controlar o software Serato ITCH, também de quatro canais, dentro do MacBook. Além disso, uso um Akai LPD8 com pads e controle de volume em conjunto com o Ableton Live. Além disso, sempre deixo um CD e um mixer Gemini PS 626 e um CDJ 700 de prontidão. Caso alguém chute uma tomada ou aconteça outro imprevisto, tenho sempre uma música pronta para tocar.

AM&T: Nas suas apresentações, você segue qual linha musical?

MB: Gosto muito de tocar house e vocal house, mas quando me contratam geralmente é pra tocar bastante dance popular, estilo Black Eyed Peas e Rihanna. No meio, encaixo outras coisas legais, umas músicas mais conceituais. O que eu estou fazendo agora, além disso, é mashup ao vivo. Tenho quatro canais no Serato ITCH, o Ableton Live e mais um monte de botõezinhos pra apertar. O Live, pra mim, é uma das coisas mais divertidas do mundo. Eu tenho usado muito mais o Live do que o Pro Tools, principalmente para fazer remixes e estas produções que precisam de corte de música e adição de instrumentos.

AM&T: E no Caldeirão?

MB: O Caldeirão é feito teoricamente ao vivo. Mesmo nas partes gravadas eu sonorizo o programa como se fosse ao vivo. Eu uso todas as trilhas dos quadros, como a do Lata Velha, direto do Ableton Live, enquanto as músicas do programa eu toco no Serato ITCH.

AM&T: Qual é a sua dica para os DJs que estão começando?

MB: Ouça música. Você tem que ouvir todo e qualquer tipo de música. Legal que a pessoa goste de tocar psy trance, mas será que ela já ouviu sertanejo, dance, eletro, rock e não gostou? Tem que ouvir de tudo um pouco, até para poder dizer que não gosta. Isso é necessário para ter uma cultura musical legal.
Tags: Na Mata
 
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