Sólon do Valle
Publicado em 01/04/2005 - 00h00
Ainda me lembro bem de quando a palavra tecnologia começou a ser utilizada. Estávamos lá pelo meio dos anos 60 - bem no tempo dos Beatles - e falava-se muito, então, da ida de Yuri Gagarin ao espaço. Engraçado, já haviam se passado vários anos que o herói russo havia descoberto que a Terra é azul, mas todo o mundo continuava falando nisso. Parece que o tempo passava numa velocidade diferente da atual. Hoje, a notícia de alguma descoberta fantástica da Ciência não dura mais que meses, e logo nos habituamos a ela como se sempre houvesse estado presente e em uso diário.
No meio dos anos 60, sonhávamos com robôs, supercomputadores, veículos ultra-rápidos e, acima de tudo, com a conquista - que então se julgava iminente - do espaço. É curioso como as coisas mudaram de rumo. Só em 1969 o homem conseguiu (?) desembarcar em outro corpo celeste. Em vez dos supercomputadores, a década seguinte viu nascerem os micros pessoais. Não vieram os robôs humanóides de Isaac Asimov, apenas a indústria adotou ferramentas ditas inteligentes. Veículos ultra-rápidos realmente surgiram, como o avião supersônico de passageiros Concorde (alguém ainda se lembra dele?).
Hoje, a Medicina é a líder nas descobertas. E de uma forma muito surpreendente: depois de se fazerem inúmeros transplantes, de se inventarem marca-passos e outras maquininhas para embutir no corpo, de se pesquisarem órgãos biônicos... descobriu-se que a cura pode estar dentro do próprio corpo! Que a Natureza é tão perfeita, que equipou sua criação com correção automática, bastando saber inicializar a seqüência certa!
A tecnologia de Áudio também tem suas curiosidades. Partiu do calor das válvulas e dos segredos dos gurus dos anos 60, foi-se racionalizando, "evoluindo", utilizando-se dos meios e dos poderes da Informática, até atingir o estágio virtual atual, em que tudo é possível - quase literalmente. Desde simular equipamento e instrumentos vintage até criar equipamentos e processos novos, impensáveis no domínio analógico.
Alguma coisa, porém, tinha ficado faltando nessa migração para o mundo digital. O contato com os botões, as luzinhas acesas, as chaves de apertar, a mão (extremidade do braço) na massa...
O século XX acabou, seja bem-vindo ao século 21! Os sentidos estão novamente em alta. Use os braços, as mãos, os dedos, os ouvidos, os olhos! Levante-se mais vezes da cadeira! Recupere o ser humano que existe em você!
Nossa capa mostra a metamorfose do popular Pro Tools. Agora, em vez de uma ou duas telas de computador e um mouse, centenas de botões para apertar e girar. Esta é a nova tecnologia. Voltemos às raízes, ao futuro!