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Revista Luz & Cena
Review
Driving Music - Comic Sans (Midsummer Madness Records)
Ligia Diniz
Publicado em 01/10/2011 - 10h13
Divulgação
 (Divulgação)
Na primeira vez em que ouvi Comic Sans, disco de estreia da banda Driving Music (projeto do carioca Fábio Andrade), entendi logo qual era sua qualidade principal: o disco é um produto de seu tempo. E esse resultado tão contemporâneo chega a ser uma surpresa, quando ouvimos tantas influências tão claras ali, de Wilco (em Orange Traffic Cones e Unimpressed) a Fleet Foxes (nos vocais de Skatepark). Mas é aí que está o pulo do gato: talentoso é o artista que homenageia seus ídolos, chato é o que imita o som deles. E, claro, Fábio é um belo exemplo do primeiro time.

Quando falta dinheiro, é preciso ter criatividade, mas paciência também. E essas duas qualidades transparecem nas 11 canções de Comic Sans. O disco foi todo gravado, mixado e masterizado em Pro-Tools via MBox-2 Mini, e o microfone C1 da Studio Projects captou absolutamente tudo o que está no disco. A criatividade vem também em forma de plug-ins, inclusive, como diz o próprio Fábio, nos que foram usados de forma "errada", como o B4, simulador de órgão hammond, aplicado às vozes.

Afterglow foi a escolha perfeita para abrir o álbum (todo disponível, de graça, em http://driving-music.net). Perfeita e corajosa: construída em torno de um único (lindo) verso, é longa e grandiosa em sua simplicidade, uma profissão de fé do que vem a seguir. Quase um paradoxo, mas a tal sensação de simplicidade que se tem ao ouvir o álbum traz embutida a noção de que a música foi trabalhada à exaustão até o resultado final (quem conhece a poesia de Manuel Bandeira vai entender do que eu falo). Aliás, o que chamo de simplicidade pode ser melhor dito com uma palavra inventada, "escutabilidade": não é que as canções sejam simples; o que é simples é ouvi-las. (Ligia Diniz)
 
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