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Revista Luz & Cena
Review
Red Hot Chili Peppers - I'm With You (Warner Music)
Marcio Teixeira
Publicado em 01/10/2011 - 10h12
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Cinco anos após o lançamento do tão belo quanto disperso Stadium Arcadium, os Red Hot Chili Peppers voltam às prateleiras. E você se engana se acha que isso pode significar o retorno à ativa de um grupo que, por não ter mais nada a provar a ninguém, pode apenas repetir, com outras palavras, o que andou gravando ultimamente. Na verdade, o que se vê em I'm With You, que tem produção de - claro - Rick Rubin, é o início de um novo caminho. Muito, sem dúvida, em função da entrada do jovem multi-instrumentista Josh Klinghoffer no lugar de um antigo protagonista de nome John Frusciante.

Enquanto Frusciante vinha assumindo na banda um papel de guitar hero, trocando a simplicidade e a delicadeza melódica de outrora por um approach de "fritação" quase amusical, Klinghoffer encaixa uma guitarra mais abstrata e textural no som produzido por versões mais soltas de Chad Smith, Flea e Anthony Kiedis. O percussionista brasileiro Mauro Refosco, novo "membro honorário" do grupo, também tem atuação de destaque no disco, sendo dele, por exemplo, o fundamental cowbell do primeiro single do trabalho, The Adventures of Rain Dance Maggie.

Já na primeira música de I'm With You, Monarchy of Roses, essa nova banda se apresenta. A guitarra pesada e rasgante, a voz carregada de efeitos, o baixo de uma nota só e batidas quase ritualísticas criam um clima sombrio digno do álbum One Hot Minute, lançado pelos caras em 1995. Então, em uma guinada radical, a canção se transforma em pura disco music. Aliás, está aí uma característica marcante do álbum: a quebra de climas, que fica ainda mais evidente quando nota-se que onde nas composições da fase Stadium Arcadium entravam ora elaborados, ora apenas velozes solos de guitarra, em I'm With You surgem os outros - aqueles pequenos trechos diferentes de todo o resto da música, que, no caso dos Chili Peppers, tendem a ser dançantes ou calmos e "espaciais".

Entre outras faixas que merecem destaque estão Factory of Faith, de ótima levada e instrumental hipnótico; a redonda e nada óbvia Annie Wants a Baby; a agridoce Meet Me At the Corner e a catártica Dance, Dance, Dance, que merece um clipe meio Jimmy Cliff na praia, meio Kaoma, com o sol se pondo e muito chroma key. Mas como nem tudo são flores, o lado negativo é a violenta compressão do álbum, feita pelo engenheiro de masterização Vlado Meller (também responsável pelo terrível som do álbum Californication, de 1999). E parece que nem a versão em vinil escapará do triunfo do volume sobre a qualidade, já que Meller também está por trás do produto.
 
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