CRÉDITO: Fernando Barros
A terceira edição da Rio Music Conference, que ocorreu entre os dia 2 e 8 de março na Cidade Maravilhosa, consolidou o evento como o maior encontro de música eletrônica do Hemisfério Sul. As palestras, workshops e feira de negócios reuniram 5 mil profissionais e interessados na área, 40% a mais do que o verificado na edição anterior, enquanto os shows, realizados na Marina da Glória, atraíram mais de 20 mil pessoas.
Pensando a música eletrônica
Os painéis abertos ao público exploraram as novidades do mundo da música eletrônica sob o ponto de vista técnico e de mercado. O painel Novas Plataformas Para Produção e Performance, que contou com a participação dos DJs e produtores musicais Ilan Kriger e Rafael Droors e mediação de Dudu Marote, discutiu a abertura de campos de produção para DJs dentro de um universo dominado por iPhones, iPads, colaboração pela internet e novas ferramentas de controle de efeitos. Já o painel APPs abordou a relação dos aplicativos com a geração Y e economia criativa, e contou com a participação do DJ e desenvolvedor Nonnus e do produtor e DJ Guilherme Picorelli.
A síntese e eletrônica aplicada ao áudio também foi tema de discussão pelo engenheiro Vinícius Brazil e os artistas Rodrigo Miravalles e Dada Attack. O destaque foi o Circuit Bending, que, como explicou Vinícius, é "a arte de desfragmentar aparelhos eletrônicos, tais como pedais de guitarra, brinquedos infantis e pequenos sintetizadores, para criar novos instrumentos musicais ou visuais e outras formas de som".
Outro painel que atraiu um grande número de interessados foi o Releasing Your Track, em que os executivos David McLoughlin e Cesar Vieira apontaram caminhos para a sustentabilidade e divulgação da música eletrônica através de meios alternativos, como games, lojas online e ringtones. Ainda com foco em divulgação, a mesa Social Media/Marketing Para Novos e Velhos Artistas apontou o uso correto das redes sociais e suas ferramentas de promoção e marketing como a chave para a diferenciação em um mercado cada vez mais competitivo. Entre os participantes, especialistas em mídias sociais e Adrian Harley, diretor de marketing e vendas digitais da Sony Music.
Em um debate que se assemelhava a uma balada VIP, Memê, Anderson Noise, Ferris, Mauro Fischetti e Daniel Gomes partilharam suas experiências e opiniões para traçar um panorama da profissão no painel DJ Brasileiro. Considerando toda a evolução do trabalho dos DJs ao longo dos anos no país, eles falaram sobre dificuldades, clubes, cachês, agências, carreira e novas gerações, entre outros temas.
Ainda pensando no desenvolvimento da música eletrônica no país, o painel Brasil: A Força e os Desafios do Mercado discutiu os pontos fortes e os entraves que não permitem que o estilo cresça ainda mais em território nacional. A mesa de empresários, que teve a mediação de Raul Aguilera, contou com a participação de Renato Ratier (clube D-Edge-SP), Ricardo Flores (Green Valley-SC), Gustavo Conti (Warung-SC), Iuri Girardi (Privilège-MG) e do português Miguel Marangas, diretor artístico da divisão eletrônica do festival internacional Rock in Rio.
Mãos à obra
Mais voltados nos profissionais da área, os workshops representaram a parte mais didática do evento. O DJ Ilan Kriger, professor da Aimec, abriu a primeira oficina dando exemplos práticos de discotecagem utilizando softwares. Com ênfase no Traktor e no Ableton Live, Kriger demonstrou qual deles poderia suprir as necessidades de um DJ/produtor em situações específicas. Foram levados em consideração os quesitos mash-ups e reedits, sincronismo, discotecagem com quatro decks e efeitos.
Mateus B., também da Aimec, utilizou equipamentos e recursos simples, como o Pioneer EFX 1000, Pioneer CDJ 2000, Ableton Live e Traktor, para explicar como a performance do DJ ao vivo pode se tornar cada vez mais e interessante. Para ele, as novas tecnologias e aparatos eletrônicos, como o computador e processadores de efeitos, tornam o processo mais divertido e interativo para o DJ, que, além das músicas, recria o próprio ato de mixar ao vivo.
Sem dúvida, o workshop mais técnico e completo foi ministrado pelo produtor Wehbba. Abordando os temas mixagem e masterização, ele esmiuçou o mundo dos equipamentos e softwares cada vez mais acessíveis e toda a gama de recursos disponíveis. Após uma breve apresentação e de um panorama do mercado nacional e internacional, Wehbba falou sobre a escolha do notebook ideal, considerando pontos como o processador, sistema operacional, velocidade de disco rígido, processamento de áudio digital, equalização, efeitos e os princípios básicos da masterização em música eletrônica.
"Eu gostaria de conscientizar os participantes da importância desses conceitos na utilização de seus próprios recursos pessoais, visando o desenvolvimento de habilidades, a aquisição de novos equipamentos, a ampliação de conhecimentos para otimização de produtividade e preparando as pessoas para atuar no mercado de áudio", explica. A oficina contou com a colaboração do produtor e DJ Alexandre Savino.
CRÉDITO: Fernando Barros
Renato Cohen, que já se apresentou nos principais festivais do mundo, como Wire (Japão), Dance Valley (Holanda), I Love Techno (Bélgica), Monegros (Espanha), Nature One e Love Parade (Alemanha), discutiu conceitos sobre a produção musical eletrônica e realizou uma experiência de criação em conjunto com seus alunos, devidamente munidos de notebooks com o Ableton Live 8 instalado.
DJ, aumenta o som!
Além dos painéis e workshops, o evento apresentou uma feira de negócios que contou com estandes de revistas especializadas, cursos, casas noturnas e representantes de equipamentos e software para DJs. Segundo informações divulgadas pela organização do evento, bastaram dois dias para que a feira movimentasse significativos R$ 20 milhões.
Nelson Alberti esteve presente representando a Quanta, que este ano fez sua estréia no evento. No estande da empresa, foi apresentado o Traktor 2, da Native Instruments, e o Torq 2, da M-Audio, dois novos sistemas para DJs, e, em primeira mão, o Venon. "Ele é um sintetizador para música eletrônica da M-Audio. Além do teclado controlador de 49 teclas, ele é uma interface de áudio", conta.
Para ele, o mercado de áudio para música eletrônica e DJs é o mais tecnológico de todos. "A tecnologia é evidente. Para fazer e produzir música ele precisam do computador, de uma interface de áudio e de plataformas, e é isso o que a gente proporciona há 20 anos", explica o gerente de marketing.
Para fechar a grande celebração do mundo eletrônico foram montados dois palcos, Copacabana e Ipanema, que receberam grandes atrações internacionais. No primeiro, estiveram grandes medalhões da música eletrônica, como FatBoy Slim, Axwell, Pete Tha Zouk, Bob Sinclar e Armin Van Burren, além dos brasileiros Memê, André Marques e o projeto Dexterz, de Júnior Lima.
Som e iluminação ficaram a cargo da parceria entre as locadoras Novalite e Kiva. "É o nosso terceiro ano participando como empresa master. A Kiva forneceu o som e o telão de LED e nós ficamos com toda a parte de iluminação", conta Vicente Vitale, diretor da Novalite. Ele destaca, ainda, a participação da distribuidora Decomac, que, segundo ele, "nos deu apoio operacional e forneceu equipamentos de áudio DAS utilizados em toda a sonorização do evento, tanto nas áreas comuns quanto nos próprios shows", encerra.