
A especialidade dele é o monitor, mas, por obra dos Mutantes. atualmente está no comando do PA da banda que um dia teve Rita Lee no vocal e hoje tem Zélia Duncan. Renato Carneiro não esperava que, após 16 anos como técnico de monitor, fosse deixar de assistir aos shows da lateral do palco para vê-los de frente.
A mudança tem explicação. Os Mutantes fizeram uma turnê pela Europa recentemente e, como a verba permitia levar apenas um técnico, resolveram testar Renato, que até então estava no monitor, no PA em alguns shows no Brasil antes de viajarem. "É uma fase nova. Sempre que me perguntavam se eu era técnico de som, dizia que não, que era técnico de monitor", conta.
Não só fazer o PA mas também o monitor dos Mutantes foi um desafio para Renato. "São 48 canais falando o tempo todo, é muita informação. No palco, são 16 monitores com uma mix cheia e não usamos side, o que é algo totalmente novo para mim, que sempre gostei de um side falando alto."
Paralelamente aos Mutantes, ele opera o monitor do grupo KLB e do cantor Paolo Luna. Antes, já havia integrado a equipe técnica de Zezé Di Camargo & Luciano (1998 a 2005), Chrystian & Ralf (1993 a 98), Capital Inicial (1991 a 93), da empresa paulista Transasom e da casa noturna AeroAnta, onde começou profissionalmente.
Com Chrystian & Ralf, passou a trabalhar com in-ears e desenvolveu um método de trabalho que chamou de plano X. "Quando resolvemos usar in-ear, eu sabia que uma das dificuldades que teríamos era a tendência de o músico se sentir tocando sozinho, isolado. Pensando nisso, resolvi fazer uma mix cheia, no LR da mesa, como seria a mix de um side, e voltá-la em dois canais. Desses dois canais, eu distribuo essa mix para todos, inclusive para o side. Em cima da mix eu coloco o que cada músico quiser a mais. Dessa maneira, acho que fica melhor musicalmente, todos tocando no mesmo 'ambiente' sonoro. Acabei adaptando e usando sempre esse método, mesmo em sistemas só com monitores de chão ou híbridos, com in-ears e monitores", explica.
Processador de efeito: Lexicon 480, viajava com uma quando trabalhava com o Zezé Di Camargo & Luciano
Microfone: Neumann KMS, é a melhor linha de mics para voz que já usei em shows
Console: Analógica é a Midas Heritage 3000, e digital, das que usei, gosto da Yamaha PM1D; das que ainda não usei, a Digico D5
Caixa de monitor: Nexo PS 15
In-ear: O transmitter Shure PSM 600, entre os que usei, é o mais robusto e com a melhor transmissão. O Earphone M Audio IE30, com duas vias, é como o E5 da Shure, porém mais confortável e mais plano, muito bom mesmo
PA: V-Dosc, side também, não sei o modelo. Vi e ouvi na passagem de som do Aerosmith, uma porrada, e quase não aparece no palco
Amplificador: Crown
Gravador: Viajei muito tempo com o ADAT HD, que é extremamente robusto e prático, perfeito para a estrada.
Periférico: Avalon 737
Casa de show: AeroAnta e Dama Xoc, que saudade!
Locadora de som: Transasom, que está numa nova fase muito boa com o Eduardo Jr.
Engenheiro de monitor: O Demétrius Amaro, que sempre fez PA, mas quando o chamei para fazer o monitor nos Mutantes, segurou o rojão legal
Engenheiro de PA: Evaldo Luna no show dos Titãs, no Olympia, por volta dos anos 90, e Wagner no show Mais de Marisa Monte, dois shows que não esqueço o som. Além de Adriano Ted, que trabalha comigo no KLB e no Paolo e que manda muito bem
Melhor turnê em que trabalhou: As duas vezes que fui para o Japão com o Zezé foram experiências incríveis
Melhor show: Moya Brennan, uma irlandesa, irmã da Enya
Sonho de consumo profissional: Um rackzinho com uns Avalons 737, um spx 90II bem velhinho, só para reverber de batera, e uma 480 para as vozes
No show, gosto: da energia de um show bacana, não tem preço
No show, não gosto de: estar longe da minha família
Dou bronca quando: rola má vontade ou o equipamento está com a manutenção malfeita.
Trabalho movido a: paixão pelo áudio e pela música
Planos para o futuro: Ser melhor do que hoje
Dica para os iniciantes: Seja humilde, pergunte e ensine sempre. Boa parte do que sei hoje alguém me ensinou, me sinto na obrigação de passar para frente. Aprenda inglês, pois muito do que você vai operar vai estar escrito em inglês. Faça o que você gosta porque aí sai bem feito! E, segundo um baiano amigo meu, se você fizer o que gosta, não precisa trabalhar!