Sólon do Valle

Publicado em 27/07/2007 - 12h43

Precisamos de ídolos? Devemos tê-los? Certamente sim, porque muitos dos ídolos da humanidade também tiveram seus próprios ídolos e procuraram emulá-los. Digo emulá-los e não imitá-los, pois há uma diferença enorme entre os dois comportamentos. Enquanto um imitador finge ou - indo mais longe - até pensa ser o objeto de sua adoração, o emulador é um discípulo genuíno, que admira as idéias e atitudes de seu inspirador e nelas se baseia para construir sua própria virtude.

Assim tivemos, nas últimas décadas, incontáveis imitadores de Roberto Carlos, de Elvis Presley e outros ídolos. Não me recordo do nome de nenhum desses falsos reis (afinal, eles sumiram na poeirada do tempo), mas vejo ídolos bem mais recentes também ganhando imitações.

Já as emulações, por serem verdades, não tentam competir com os emulados, não são iguais a eles, e podem até criar novas vertentes. John Lennon emulou Elvis, e - alguém duvida? - foi muito além dele.

O Áudio tem seus ídolos, e quero citar alguns: Graham Bell, o ídolo dos ídolos dos ídolos; Lee de Forest, inventor do amplificador valvulado; Leo Fender, que lançou a guitarra sólida e o baixo elétrico, entre outros inventos; Les Paul, o guitarrista que inventou a gravação multitrack, a dobra e muitos outros efeitos até hoje usados; Rupert Neve, um dos maiores projetistas de eletrônica de áudio de todos os tempos; George Martin, produtor cuja carreira inclui os Beatles.
Novos ídolos continuam surgindo, não com o mesmo impacto desses pioneiros porque, afinal, a tecnologia da comunicação evoluiu de uma forma em que a automação, a industrialização e outras ações não favorecem o surgimento de gênios ao estilo antigo; mas grandes talentos vêm surgindo a cada ano e se fixando na opinião respeitosa dos conhecedores do assunto.

Cada um desses novos ídolos certamente tem seu ídolo. Não há entrevista em que não citem uma fonte de influência ou de inspiração. Se o belo é feito para ser admirado, por que não curtirmos essa inspiração?