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Revista Luz & Cena
No estúdio
Lulu Santos
Rodrigo Sabatinelli
Publicado em 29/11/2006 - 00h00
divulgação
 (divulgação)
Em junho deste ano, pouco tempo depois de lançar Letra e música, seu mais recente disco de inéditas, o cantor e compositor Lulu Santos voltou ao estúdio Discover, no Jardim Botânico (RJ), onde havia registrado o álbum. Seu objetivo era apenas gravar uma demo com algumas de suas novas composições. No entanto, ele foi tomando tanto gosto pelo trabalho que decidiu lançá-lo oficialmente.

Acompanhado de sua banda, formada pelo tecladista Hiroshi Mizutani, o baixista Dunga (que está substituindo André Gomes, acidentado) e o baterista Xocolatti, Lulu começou a pré-produção das músicas na mesma semana em que apresentou uma versão inédita de Deixa isso pra lá, de Jair Rodrigues, no Prêmio Tim de Música Brasileira.

As primeiras bases foram gravadas pelo engenheiro de som Rodrigo Duarte, que, além de funcionário do estúdio, é operador de monitor do Barão Vermelho. Elas foram concluídas por Rodrigo Lopes, seu companheiro de estrada na equipe técnica do grupo, que assumiu o restante das gravações e também vem cuidando das mixagens.

Até o fechamento desta edição, o título do disco e o local onde será masterizado ainda não haviam sido definidos. No entanto, o engenheiro nos adiantou algumas informações sobre o trabalho.

O início das gravações
Tudo começou em junho deste ano, quando Lulu entrou em estúdio para gravar uma demo de canções inéditas e uma versão para Deixa isso pra lá, clássico resgatado do repertório de Jair Rodrigues. Inicialmente, esses seriam apenas registros experimentais, sem objetivo comercial, mas o trabalho foi tomando forma, foi ganhando uma cara, e ele acabou optando por lançá-lo oficialmente. A partir dessa definição, refizemos algumas bases, que não foram registradas com os cuidados essenciais, mantivemos diversas outras e seguimos com o projeto.

Revivendo Jair
A versão de Deixa isso pra lá, que deve acabar entrando no CD, foi gravada especialmente para que Lulu a interpretasse na quarta edição do Prêmio Tim de Música Brasileira, realizado naquela época. O festival faria uma homenagem ao compositor e Lulu seria o intérprete dessa faixa. Em estúdio, ela foi registrada de forma bem simples, com apenas um DJ, que programou loops e efeitos, e sua voz. Nela, não houve participação de outros músicos.

Um disco de pop e funk ao melhor estilo Lulu Santos
Este disco segue a linha dos trabalhos anteriores de Lulu, que sabe tudo de música pop e mergulha no universo do funk como poucos artistas de sua geração. Ele, aliás, está sempre muito preocupado com a essência das canções, com a harmonia e a melodia, principalmente, o que, em minha opinião, é uma de suas grandes virtudes. As músicas do trabalho são ricas e impressionam por sua diversidade rítmica.

Captação simples e sem mistérios
Todos os instrumentos foram captados de forma convencional. Não houve invenção alguma. A bateria, por exemplo, teve um AKG D 112 no bumbo, dois Shure Beta 57 na caixa, sendo um deles por cima e outro na esteira, um Neumann KM 184 no contratempo, dois AKG D3500 nos tons, outro KM 184 no surdo e dois pares de Shure SM81 e Crown PZM para os overs.

Eu, particularmente, não gosto de captar o som da esteira da caixa, mas como trabalhamos com o casamento de bateria acústica e programações, procurei defini-la ao máximo, o que facilitou o sync dessas peças na edição. As guitarras utilizaram, basicamente, um amplificador combo Marshall, mas usamos também um Vox e um Fender, além de um simulador Pod, da Line 6.

Para a captação dos amps usei um Sennheiser MD 421 (canal sujo) e um MD 421 somado a um Beta 57 (canal limpo), alternadamente. Os violões foram captados por dois microfones, um Neumann U 87 e um KM 184, mas também o gravamos em linha, pois Lulu queria registrá-lo com uma sonoridade mais estalada, metalizada. Já as vozes, que tinham sido gravadas até então, utilizaram apenas um Neumann U 47, mas é provável que a gente ainda experimente outras possibilidades. Devemos, inclusive, gravar algumas coisas no Estúdio Mega, pois lá tem, entre outros microfones, um Sony C8000, que o Lulu adora.

Baixo acústico no funk: fusão de gêneros
André Gomes vinha gravando alguns baixos do disco, mas se acidentou durante a produção e teve de ser substituído por Dunga, que assumiu o restante das canções. Em uma música, aliás, Bruno Migliari gravou um baixo acústico. Ficou bacana, deu uma cara diferente no conceito geral da faixa, que é um funk tradicional. Esse instrumento foi captado por um U 87, além de seu captador próprio, com sonoridade bastante média e comprimida.

Competência que resulta em sucesso
A banda que acompanhou Lulu nas gravações é a mesma que segue com ele na estrada. O tecladista Hiroshi Mizutani foi um dos que mais participaram do processo. Junto com o também programador Robson Leandro, que já trabalhou com a extinta dupla Claudinho & Buchecha, ele cuidou de boa parte das inserções eletrônicas do trabalho. O baterista Xocolatti, de uma precisão absurda, também deu um show, assim como Dunga, que segurou a onda na cozinha.

Gravando e pré-mixando
Desde o início, tivemos o cuidado de gravar as bases já arrumando tudo, para antecipar e facilitar o processo de mixagem. Todo o material foi jogado pra dentro de um Pro Tools em AIFF 24/44.  As mixagens são feitas com base nas orientações de Lulu, que já tem um conceito estipulado para cada canção. Ele é um músico que sabe muito bem o que quer, que não fica inventando moda dentro do estúdio e sabe tirar som como poucos. Está sendo fantástico trabalhar com ele.
 
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