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Revista Luz & Cena
Entrevista
Rock orquestral e analógico
Músico e técnico de som, Richard Parry fala sobre a gravação de Funeral, do Arcade Fire
Ligia Diniz
Publicado em 09/01/2006 - 00h00

A banda The Arcade Fire, com Richard Parry na guitarra
Foto: Steven Cohen

Um dos destaques do último Tim Festival, a banda canadense The Arcade Fire surpreendeu o público com a movimentação no palco: Win Butler, Régine Chassagne, Richard Reed Parry, William Butler, Tim Kingsbury, Sarah Neufeld e Jeremy Gara se revezam nos instrumentos clássicos de rock - guitarra, baixo e bateria -, e também no piano, violino, viola, violoncelo, xilofone, teclado, acordeão e harpa. No estúdio acontece o mesmo. E mais: Richard Parry, além de músico, foi um dos técnicos de gravação do álbum da banda, Funeral. Confira a entrevista exclusiva com Parry sobre o trabalho.


M&T - Como foi a gravação de Funeral?

Richard Parry - Nós fizemos o melhor com o que tínhamos. Gravamos no principal estúdio perto de Montreal, chamado Hotel 2 Tango, em um Studer A820 MCH, de 2" e 24 canais. Foi nossa escolha gravar em analógico. É claro que usamos computador algumas vezes, mas apenas para guardar o material.

O fato de os músicos se revezarem nos instrumentos torna o trabalho no estúdio mais difícil?

Não é planejado isso de trocarem instrumentos, é natural. É como somos. Nunca fomos uma banda em que cada um tem seu papel definido. Nós tocamos música juntos. Não é uma estratégia. Não somos uma banda de virtuoses. No estúdio, isso funciona de maneira natural.

Como foi a microfonação dos instrumentos no estúdio? Que outros equipamentos se destacaram?

Não sei se consigo me lembrar de tudo (o álbum foi gravado em 2004), mas lembro que usamos Neumann TLM 103 no violino. Só usamos microfones muito bons, lembro de alguns da Audio-Techica e também microfones russos. Além dos microfones, não usamos nada muito luxuoso. Não somos o tipo de banda que se importa muito com equipamento.

Então não foi uma questão financeira? O que muda agora, depois do sucesso?

Bem, estamos montando um estúdio em uma igreja [a expectativa é que ficasse pronto em dezembro], perto de Montreal. Será o estúdio da banda, onde vamos produzir o próximo álbum, que ainda está em fase de composição. Já temos algumas músicas, mas como não paramos de fazer turnês, ainda não deu tempo de organizar tudo.

E o estúdio de vocês também será baseado em equipamentos analógicos?
Sim, ele será basicamente analógico. Teremos um gravador de 2" e 24 canais e uma mesa antiga portátil. Não lembro as marcas. Acho que o gravador é um Ampex; sei que não é um Studer. E, claro, teremos um computador para fazer o back-up das gravações e mixagens. Mas espero que o sucesso só modifique mesmo isso no nosso trabalho: termos mais meios de produzir nossa música.

A internet teve uma participação importante na divulgação do Arcade Fire. Qual é a sua opinião sobre a troca de música na rede?

Eu acho que é uma bobagem falar que a troca de música pela internet afeta financeiramente o artista. Na verdade, a internet é uma ferramenta importante para ajudar as bandas a se fazerem conhecidas antes que já não existam mais. Tem tanta coisa que eu só fiquei conhecendo depois que acabou... A internet agiliza isso. Nós, os nerds da música, achamos ótimo.
 
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