RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Teste
Roland DS-90
Monitores de 24 Bits
Sólon do Valle
Publicado em 01/01/2000 - 00h00
divulgação
 (divulgação)
A expressão "Monitores de 24 Bits" pode soar um pouco estranha mas, na realidade, soa muito bem - em se tratando dos monitores Roland DS-90, com entradas digitais de 24 bits de resolução.
Na atualidade, em que todo o ambiente de produção gravita em torno do sistema digital com al-ta resolução, livre de chiados, distorções, hums e outras mazelas comuns no mundo analógico, nada mais natural do que estender essa qualidade até a entrada do sistema de monitoração. Foi exatamente isto o que a Roland seguiu, ao lançar seu sistema de monitoração DS-90: caixas nearfield, com falante de 6½" e tweeter de domo de 1", com 150W de potência biamplificada para minimizar a intermodulação e otimizar o uso dos transdutores, com entradas de sinal digital e analógica.
Vamos agora ouvir, quer dizer, ler sobre os monitores Roland DS-90.

Introdução
Os monitores DS-90, embora façam parte integrante do sistema "Virtual" da Roland, têm vida própria, podendo fazer parte de quaisquer sistemas de áudio, inclusive totalmente analógicos. Mas o fato de oferecer entradas digitais, nos formatos óptico e S/PDIF, é o grande diferencial, permitindo sua integração em sistemas totalmente digitais.
Os DS-90 são parte integrante natural dos sistemas Roland, em especial das workstations VS-1680 e VS-880EX, com as quais forma o sistema "virtual" de monitoração podendo, através da filosofia COSM, fazer a modelagem física dos sinais, emulando outras marcas/modelos de monitores. Outra fonte de sinais e de emulação são as consoles da série VM da própria Roland. No entanto, com outros sistemas, os DS-90 se mostram vantajosos como bons monitores, com a óbvia vantagem de não se ter que voltar a circuitos analógicos. No nosso caso, em que usamos o sistema Yamaha DSP Factory, a integração foi instantânea e perfeita, através da conexão S/PDIF. Outros sistemas, como Digidesign, Event, MOTU, Creamware etc., também são um "prato cheio" para os monitores Roland DS-90.

Descrição
O DS-90 mede 228,6 × 371,5 × 318,7mm (largura × altura × profundidade) e pesa 11kg cada. A caixa é em madeira revestida na cor grafite, sem tela frontal para não prejudicar a resposta de agudos. O tweeter é do tipo soft dome, e é ligeiramente cornetado para controlar-se a dispersão. O falante, com cone de polipropileno, é circundado por um anel prateado fosco que realça seu contorno. Abaixo do falante, há LEDs que sinalizam a alimentação ligada e a presença de sinal de áudio digital na entrada.
O painel traseiro é bem mais complexo. Existem as entradas digitais S/PDIF (dois conectores RCA em loop-through) e óptica; e analógica, balanceada, em conector XLR/P10. As entradas têm chaves seletoras para analógica/digital, e para digital S/PDIF ou óptica; e, no caso de se usar a digital, há uma chave para determinar se o canal recebido será o esquerdo e o direito. Controles de volume, de graves e de agudos são disponíveis, assim como a chave liga/desliga. Os controles de graves e de agudos são interessantes para adaptar os monitores ao ambiente (não sentimos necessidade de usá-los em nossa audição).

Audição
Os DS-90 são essencialmente neutros, com um mínimo de ênfase nas pontas. O woofer não tem uma compliância particularmente alta, o que aumenta sua eficiência à custa de algum sacrifício dos graves extremos - o que, afinal, pode ser compensado com o uso de subwoofer. O tweeter é muito bom, apresentando grande transparência e naturalidade. A freqüência de corte de 2600Hz aproveita ao máximo a resposta do falante de 6½", sem obrigar o tweeter a responder demasiadamente na região de médios-agudos. O DS-90 pode, tranqüilamente, ser utilizado sem equalizador, tomando-se apenas, um certo cuidado com o extremo grave. Os médios são naturais, e o som de voz masculina é articulado e pleno. A voz feminina também se apresenta limpa e sem estridência. O volume é farto devido à boa potência e eficiência dos transdutores, auxiliadas pela biamplificação, que elimina a intermodulação dos agudos. Segundo o fabricante, a potência de saída é de 60W nos graves e de 30W nos agudos.
Para os testes auditivos, foi usado um CD player Marantz profissional, ligado direto aos DS-90.

Testes Técnicos
Para nossos testes técnicos, foi usado o seguinte equipamento:
a) Microfone calibrado Josephson 550H
b) Placa de áudio Yamaha DS2416 + pré de microfone
c) Software SpectraLab 4.32 versão 14
d) Computador Pentium II 450MHz

Resposta de Freqüências
A resposta que medimos, usando a técnica de campo próximo em espaço aberto, foi essencial-mente idêntica àquela impressa no manual dos monitores: plana dentro de ±3dB de 75Hz a 18kHz, com queda de 10dB a 50Hz e a 20kHz (limites utilizáveis). Com um pouco de equalização, seria possível, portanto, usar a caixa entre 50Hz e 20kHz, limites razoáveis para uma caixa tão pequena. O crossover ativo, do tipo Linkwitz-Riley (24dB por oitava), não produz nenhum problema de fase ou cancelamento: na região do crossover (2600Hz) não se observa qualquer descontinuidade na resposta. A maior falha, na região de 1kHz, é estreita o suficiente para não ser perceptível. Note-se, ainda, uma certa atenuação na região média do espectro - que, afinal, "suaviza" o som dos monitores.

 
Resposta de freqüências

Distorção
Poderíamos perguntar: "Que distorção?", uma vez que, tanto a 100Hz como a 1kHz, a 90dB de SPL a 1 metro, ela se manteve em torno de 1% - muito baixa para qualquer monitor, especialmente deste tamanho e preço. Note-se, analisando os espectros mostrados, que essa distorção é principalmente de segundo harmônico (inaudível) com uma pitada de terceiro harmônico, já bem abaixo.
A distorção por intermodulação, pelo método SMPTE, simplesmente não poderia ser medida, já que as duas freqüências de teste - 60Hz e 7kHz - não são amplificadas pelo mesmo circuito!

 
Distorção harmônica a 100 Hz


 
Distorção harmônica a 1kHz

Conclusão
Os monitores Roland DS-90 são o complemento ideal para qualquer sistema de gravação/edição de áudio baseado em computador, pela sua capacidade de receber sinais digitais com alta resolução - 24 bits - e reproduzi-los fielmente mediante bons amplificadores e bons alto-falantes.
No entanto, os DS-90 também têm entradas analógicas balanceadas o que, apesar do desperdício de não se usufruir das vantagens do digital, os habilita a serem usados em sistemas analógicos também.

Agradecemos à Roland do Brasil pelo (breve) empréstimo dos monitores para este teste.


Sólon do Valle é engenheiro eletrônico, consultor e projetista em Áudio, e editor técnico de M&T.
Tags: Teste
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.