RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Editorial
O Padrão da Indústria
Sólon do Valle
Publicado em 02/01/2002 - 00h00
O primeiro ano do terceiro milênio já chega ao fim. Muita luta, muito trabalho... mas estamos todos vivos, fortes e prontos para novas realizações em 2002. Nós, da M&T, esperamos que nestas festas a paz esteja com você e todos que o cercam, e que Papai Noel (sim, ele existe!) traga muitas coisas boas, digitais e analógicas, para dentro do seu sapatinho.

Como muitos sabem, eu trabalho no Áudio desde adolescente, quando consertava amplificadores de guitarra. E olha que nisso já vai muito tempo!
Durante esses trinta e tantos anos de profissão, tive várias oportunidades de assistir ao surgimento de tecnologias ditas revolucionárias, e de outras ditas definitivas. Mas, peraí... definitivas? Esta não é uma palavra meio forte?
Pois é. Quantas tecnologias definitivas já surgiram e morreram? E, o mais engraçado, quantas tecnologias definitivamente mortas estão aí de volta?
O disco LP quadrifônico, a fita de cromo, a fita de metal, os videocassetes VHS e Betacam, os gravadores de duas polegadas, os sistemas de redução de ruído, os discos Winchester, os amplificadores valvulados, as cornetas multicelulares... todas essas tecnologias foram, algum dia, moderníssimas. Algumas delas chegaram a ser padrões da indústria, a escolha indiscutível dos projetistas e investidores. Hoje, várias delas são motivo até de riso; outras, foram es-quecidas; e outras estão aí até hoje, firmes e fortes!
Em 1975, o padrão da indústria da gravação era o gravador Studer ou Ampex de 16 canais em fita de duas polegadas, a console Neve (ou outras) de 16 canais, o reverb de placa EMT... ainda não tinham inventado o equalizador gráfico, e os compressores eram bastante caros. Dez anos depois, já apareciam consoles de mais de 40 canais, os gravadores cresceram para 24 canais, havia muitos modelos de periféricos, e o processamento digital engatinhava, em forma de processadores e também de teclados; o CD estava em ascensão rápida. Hoje, qual é o pa-drão da indústria?
A resposta é complicada! Hoje, poder-se-ia dizer que o padrão de gravação é a workstation digital, representada principalmente pela Pro Tools e por outros softwares e interfaces excelen-tes... mas, e os muitos estúdios que ainda usam fitas analógicas? Nos sistemas de sonorização, a última palavra é o line array... será mesmo? E os sistemas tradicionais, que continuam surgindo? E a volta dos valvulados?
Podemos dizer que esse negócio de padrão da indústria já era. O padrão hoje é a diversidade. Cada um escolhe as tecnologias mais ao seu agrado e ao seu alcance, e sabe que sempre encontrará uma ótima opção. No terceiro milênio, o novo vira velho rapidamente... com a mesma facilidade com que o velho se torna a última moda, e tecnologias julgadas mortas res-suscitam com toda a saúde.
Sinal dos tempos.

Sólon do Valle
Tags: editorial
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.